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Faça o que não escala: O mantra das startups para advogados

Advogados podem “fazer o que não escala” investindo em atendimento personalizado, conexões diretas e criação de conteúdo. Essas ações constroem reputação e impulsionam um crescimento sustentável.

20/2/2025

Paul Graham é amplamente reconhecido por suas contribuições e investimentos ao universo das startups - breve resumo no rodapé. Em seu artigo "Do Things That Don’t Scale" (da tradução literal “Faça coisas que não escalam” - link no rodapé), ele desafia a ideia de que todo negócio deve focar em escala desde o início. Em vez disso, ele incentiva empreendedores a realizar, nos primeiros passos, tarefas que não são escaláveis, mas que criam uma base sólida para o crescimento. Ao adaptar esse conceito ao mercado jurídico, é possível criar estratégias fundamentais para advogados que desejam construir escritórios de advocacia de forma consistente e sustentável.

Todas as dicas a seguir têm um elemento em comum: são muito difíceis de se oferecer quando o escritório já possui um número significativo de clientes. Escritórios novos não deveriam se espelhar nas práticas e rotinas dos escritórios grandes; escritórios novos deveriam, sim, realizar atendimentos e prestar serviços em detalhes e com atendimento que escritórios grandes não possuem condições de realizar. Então, fazer-coisas-que-não-escalam é a vantagem competitiva que todo novo escritório tem sobre os demais.

1. O atendimento pessoal como diferencial inicial

No início de um negócio jurídico, o atendimento personalizado não é apenas uma vantagem; é essencial. Conheça cada cliente profundamente, entenda suas necessidades específicas e trate seus casos como únicos. Isso cria uma conexão de confiança e lealdade que será difícil de replicar por concorrentes maiores e menos flexíveis.

2. Construa reputação caso a caso

No mercado jurídico, a reputação é o ativo mais valioso. E ela se constrói aos poucos, caso a caso. Apresente relatórios detalhados, atualize o cliente frequentemente, dê sinais de que está monitorando a demanda com muita competência. Mais importante do que ter as coisas sob controle, é o cliente ter a plena sensação de que as coisas estão sob controle.

3. Networking ativo e manual

Em um mercado onde as relações importam tanto quanto o conhecimento técnico, investir tempo em networking pode fazer toda a diferença. Esteja presente e disposto. Faça coisas que os outros não estão dispostos a fazer. Isso vai gerar aprendizados e criar uma imagem positiva.

4. Customize seu serviço inicialmente

Oferecer soluções padronizadas pode parecer tentador para ganhar eficiência, mas a personalização dos serviços é o que realmente cativa os clientes iniciais. Existe uma legião de clientes dispostos a pagar mais caro por serviços feitos sob medida para eles - e essa disposição se mantém para serviços jurídicos também.

5. Teste suas ideias antes de escalar

Antes de escalar, é essencial validar o modelo de negócio e os serviços oferecidos. Isso reduz riscos e permite ajustes baseados em experiências reais. É normal começar pequeno, e esse estágio é perfeito para entender o que faz cada cliente satisfeito. Conforme o número de clientes satisfeitos aumenta, você irá começar a enxergar padrões e desenvolver a sua própria metodologia para decidir o que irá manter ao escalar e o que irá descontinuar.

Conclusão

Ao aplicar os princípios de Paul Graham no universo jurídico, é possível construir um escritório de advocacia com bases firmes. Fazer o que não escala é um investimento que gera retornos de longo prazo. Atenda cada cliente como se fosse único, construa reputação caso a caso, invista no networking, customize seus serviços e valide seu modelo antes de pensar em expansão. Esses passos não apenas garantem um crescimento consistente, mas também criam um negócio alinhado com valores como qualidade, transparência e dedicação.

Ademar de Proença Filho
Advogado, empresário e pesquisador sobre vendas e finanças para escritórios de advocacia.

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