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1º de maio: Conquistas que inspiram, desafios que unem

Mais que feriado, 1º de maio é símbolo de luta por direitos. Celebrar conquistas sem esquecer que trabalhar com dignidade é um direito.

1/5/2025

O 1º de maio não é só feriado — é uma data marcada pela memória das lutas históricas dos trabalhadores por melhores condições de vida e de trabalho. A origem remonta a 1886, em Chicago, nos Estados Unidos, quando milhares de operários entraram em greve reivindicando a redução da jornada de trabalho para 8 horas diárias. A repressão violenta aos protestos resultou em mortes e prisões, mas plantou a semente de um movimento global por direitos trabalhistas. Em homenagem a esses mártires, a data foi adotada por vários países, inclusive no Brasil, onde o dia foi decretado como feriado nacional desde 1925.

Ao longo do tempo, os trabalhadores conquistaram avanços significativos: jornada regulamentada, descanso semanal remunerado, férias, décimo terceiro salário, licença maternidade, direitos previdenciários, entre outros. A CLT, criada em 1943, foi um marco fundamental na proteção da classe trabalhadora brasileira. Por sua vez, a Constituição Federal de 1988 ampliou direitos e garantias trabalhistas, reforçando o valor social do trabalho.

Mas, ao lado das conquistas, persistem desigualdades que não podem ser ignoradas. Milhões de trabalhadores ainda enfrentam informalidade, baixos salários, jornadas exaustivas e ambientes inseguros. O adoecimento mental por condições precárias de trabalho tem crescido em ritmo alarmante. Mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e trabalhadores com deficiência ainda enfrentam barreiras estruturais no acesso e permanência digna no mercado de trabalho. Avançar significa também enfrentar essas desigualdades com políticas públicas eficazes, práticas empresariais responsáveis e legislações que acompanhem a realidade do século XXI.

O mundo do trabalho mudou — apesar dos avanços, os desafios permanecem. Automação, inteligência artificial, home office. Tudo isso traz novas possibilidades, mas também novos riscos. O desafio agora é garantir que a modernização venha com proteção social, saúde mental, inclusão e respeito. Não se pode aceitar que flexibilização signifique precarização. O futuro precisa ser construído com diálogo, responsabilidade e valorização das pessoas.

Nesse cenário, é essencial manter vivo o espírito de mobilização que originou o 1º de maio. Por isso, o Dia do Trabalho é mais atual do que nunca.

É hora de olhar para trás com orgulho, e para a frente com coragem. Celebrar conquistas, sim — mas sem esquecer das batalhas que ainda precisam ser travadas, porque trabalhar com dignidade não é privilégio. É direito. E direito devemos defender. Sempre.

Marília Meorim Ferreira de Lucca e Castro
Sócia e advogada de Brasil Salomão e Matthes.

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