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Você pode utilizar o FGTS para custear a FIV: Saiba como

Pacientes em tratamento para infertilidade que desejam realizar a fertilização in vitro podem conseguir o saque do FGTS para custear o tratamento.

22/8/2025

Introdução

Ter filhos é o sonho de muitos casais, mas a infertilidade pode ser um grande obstáculo. Para além do desafio emocional, o alto custo de tratamentos como a FIV - fertilização in vitro torna essa jornada ainda mais difícil. 

O que muitos não sabem é que existe uma alternativa importante: a possibilidade de utilizar o saldo do FGTS para ajudar a pagar esse tipo de tratamento. Neste artigo, vamos explicar como isso funciona, o que a lei diz sobre o assunto e como você pode buscar esse direito.

O que é a fertilização in vitro e por que o tratamento é tão caro?

A fertilização in vitro é uma das técnicas mais avançadas de reprodução assistida. Basicamente, ela consiste em fecundar o óvulo fora do corpo da mulher, em laboratório, e depois transferir o embrião para o útero. É um tratamento indicado em casos de obstrução das trompas, baixa reserva ovariana, endometriose, infertilidade masculina e também para casais homoafetivos.

Apesar de ser um método eficaz, o custo é alto, especialmente considerando o valor de consultas, exames, medicamentos e o próprio procedimento. E, muitas vezes, é necessário repetir o ciclo para obter sucesso, encarecendo o valor final. Por isso, o uso do FGTS pode ser uma saída para quem deseja começar o tratamento o quanto antes.

Mas afinal, dá para usar o FGTS para esse tipo de tratamento?

De forma direta, a lei do FGTS não menciona a fertilização in vitro como um dos casos em que é permitido sacar o fundo. A lei cita doenças graves como câncer e HIV, por exemplo. No entanto, os tribunais vêm reconhecendo que essa lista não é fechada e limitante. Isso significa que ela pode ser ampliada, principalmente quando há base em princípios constitucionais, como o direito à saúde, à vida, à dignidade humana e ao planejamento familiar.

Decisões judiciais recentes têm autorizado pessoas com diagnóstico de infertilidade a utilizar o FGTS para custear o tratamento. Em muitos casos, a Justiça entende que impedir o acesso ao fundo nesse contexto seria desrespeitar esses direitos fundamentais.

Caminho para solicitação de saque do FGTS para utilização em FIV:

Primeiro passo: você pode fazer o pedido diretamente na agência da Caixa. Para isso, é importante reunir documentos como RG, CPF, CTPS, comprovante de residência, relatórios médicos acerca da condição de saúde (infertilidade), orçamentos de clínicas para o procedimento. 

É comum que o pedido seja negado administrativamente, pois a Caixa segue a legislação literal. Mas esse passo é importante porque a recusa pode servir de base para uma ação judicial.

Segundo passo: ação judicial para a liberação do FGTS. Se a solicitação for negada, você pode entrar com uma ação na Justiça. Com um bom relatório médico e o acompanhamento de um advogado especializado em direito da saúde, muitas pessoas têm conseguido decisões favoráveis. Assim, o tratamento pode ser iniciado o quanto antes.

Atenção! Há casos em que o juiz autoriza o uso do FGTS do cônjuge, desde que o casal tenha união estável ou casamento reconhecido formalmente.

Não desista do seu sonho!

A infertilidade não é apenas uma condição médica - ela afeta o bem-estar emocional, os planos de vida e o direito à constituição de uma família. O reconhecimento desse problema como uma questão de saúde é um avanço importante na luta pelos direitos dos pacientes.

Se você ou alguém próximo está enfrentando dificuldades para engravidar e já tem um diagnóstico de infertilidade com indicação de realização de FIV, é possível buscar o uso do FGTS para ajudar no tratamento. Com a documentação médica correta e uma boa orientação jurídica, é possível conseguir o direito de usar esse valor para investir na realização do sonho de ser pai ou mãe.

Ludmila Freitas Ferraz
Advogada especialista em Saúde que luta pelos direitos do pacientes contra as abusividades dos Planos e do SUS. Secretária Geral da Comissão Estadual de Direito da Saúde e Direito Médico da OAB/MT.

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