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Plano de saúde cancelado durante tratamento de doença grave?

Entenda por que a lei protege pacientes em tratamento e como uma ação judicial pode garantir a continuidade dos seus cuidados médicos.

8/8/2025

Imagine o desespero: você está no meio de um tratamento médico essencial para sua saúde e, de repente, recebe a notícia de que seu plano de saúde foi cancelado. E agora? Saiba que a lei está do seu lado.

A interrupção de um tratamento por cancelamento unilateral do plano de saúde é uma situação que gera enorme angústia, mas é importante saber que existem direitos que protegem o paciente, mesmo em planos de saúde coletivos (empresariais ou por adesão).

Neste artigo, vamos explicar de forma clara porque essa prática pode ser considerada abusiva e o que você pode fazer para garantir a continuidade do seu tratamento.

O mito do cancelamento inquestionável em planos coletivos

Muitas pessoas acreditam que, por terem um plano de saúde coletivo, a operadora pode cancelá-lo a qualquer momento, sem justificativa. Isso não é uma verdade absoluta, especialmente quando a saúde e a vida de um paciente estão em jogo.

Embora a lei permita que as operadoras rescindam contratos coletivos - diferentemente do que ocorre com os planos individuais ou familiares -, essa regra não é ilimitada. O direito à vida e à saúde, garantidos pela Constituição, sempre prevalecem.

O que a Justiça pensa sobre o assunto?

O STJ, uma das mais altas cortes do país, já firmou um entendimento claro sobre o tema (Tema repetitivo 1.082). A decisão do STJ estabelece que, mesmo em caso de cancelamento de um plano coletivo, a operadora tem o dever de garantir a continuidade do tratamento de pacientes que estejam internados ou em cuidados médicos indispensáveis para sua sobrevivência ou bem-estar.

Interromper a assistência nesses casos é uma prática abusiva e viola o CDC.

A liminar: Sua aliada na luta pela continuidade do tratamento

Quando um plano de saúde é cancelado durante um tratamento, não há tempo a perder. A ferramenta jurídica mais eficaz para esses casos é o pedido de tutela de urgência, popularmente conhecida como liminar.

O que é? É uma decisão provisória e rápida que o juiz toma logo no início do processo para proteger um direito que corre risco imediato. No contexto da saúde, o objetivo é forçar a operadora a reestabelecer o plano imediatamente para que o tratamento não seja interrompido.

Como funciona? Para conceder a liminar, o juiz analisa principalmente dois pontos:

  1. A probabilidade do direito: A demonstração, por meio de laudos e relatórios, de que o paciente de fato precisa daquele tratamento contínuo.
  2. O perigo de dano: A prova de que a espera pelo fim do processo pode causar um dano grave e irreparável à saúde ou à vida do paciente.

Quando uma liminar é concedida, o juiz determina um prazo para a operadora cumprir a decisão, podendo fixar uma multa diária em caso de desobediência.

Meu plano foi cancelado. O que fazer? Um guia prático

Se você está passando por essa situação angustiante, mantenha a calma e siga estes passos:

Reúna todos os documentos: Guarde o comunicado de cancelamento, o contrato do plano de saúde, os comprovantes de pagamento e, principalmente, todos os laudos, exames e relatórios médicos que atestem sua condição de saúde e a necessidade de continuar o tratamento.

Não aceite um "não" como resposta: A operadora de saúde tem responsabilidades. A interrupção de um tratamento essencial é uma prática ilegal e desumana.

Não lute sozinho

A batalha contra uma operadora de saúde pode parecer assustadora, mas você não precisa enfrentá-la sem ajuda. Um advogado especializado em Direito da Saúde não apenas entende a legislação, mas também a urgência e a sensibilidade que o seu caso exige.

Fabrício Nemetala Guimarães
No mundo jurídico desde 2007, atuando na área de saúde, com especialidade em quebra de carência de plano de saúde, negativa de tratamento, medicamentos, cirurgia entre outras matérias voltadas à saúde

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