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Alienação coletiva e os desprotegidos: Uma análise crítica da exclusão digital e social

O impacto da digitalização e das redes sociais intensifica o distanciamento humano, cria isolamento e desafia a solidariedade social.

3/9/2025

A alienação não é um conceito novo.

Karl Marx a descreveu como um processo pelo qual os trabalhadores, em um sistema capitalista, são separados do produto de seu trabalho, do próprio ato de trabalhar, de sua própria natureza humana e de seus semelhantes.

Em sua essência, era a perda de controle sobre a vida e a dignidade.

Mas o que seria a alienação coletiva hoje?

A alienação na era digital

Se Marx se preocupava com a alienação na fábrica, hoje, nossa alienação coletiva está nas redes sociais, nos fluxos de informação e nas bolhas ideológicas.

Na verdade, somos alienados:

A gênese dos desprotegidos

E é nesse cenário de alienação coletiva que os desprotegidos emergem. Diferente dos marginalizados de outrora, que eram excluídos pela pobreza ou pela raça, os desprotegidos de hoje são vítimas de uma exclusão não somente cultural, mas também existencial.

Eles não são apenas os que vivem nas ruas ou os que não têm acesso à educação. Eles são igualmente os que, embora em tese tenham tudo, se sentem invisíveis, incompreendidos e, acima de tudo, alienados.

Sua dignidade parece estar corroída e sua força de trabalho, alienada.

A crise de empatia e a solidariedade em crise

A alienação coletiva nos rouba algo fundamental: a empatia.

Ou seja:

Ao nos tornarmos desapegados da realidade do outro, nos tornamos incapazes de nos indignar com sua dor.

A miséria, a injustiça e a violência se tornam meras imagens, estatísticas frias que passam por nossas telas em um piscar de olhos.

Sem empatia, a solidariedade se esvai.

A responsabilidade social é terceirizada ao Estado ou a ONGs.

Olvidamo-nos que a proteção do outro é um dever de todos.

Como ajudar?

A solução não está em abandonar a tecnologia, mas sim em usá-la com consciência crítica.

E para minimizar e eventualmente para reverter esse quadro de alienação e proteger os desprotegidos, precisamos:

A alienação coletiva é uma doença social, e os desprotegidos são seus sintomas mais visíveis.

Porém, se formos capazes de nos reconectar, de exercitar a empatia e de agir em solidariedade, teremos a possibilidade de construir um mundo onde ninguém se sinta invisível.

Gilda Figueiredo Ferraz de Andrade
Migalheira desde abril/2020. Advogada, sócia fundadora do escritório Figueiredo Ferraz Advocacia. Graduação USP, Largo de São Francisco, em 1.981. Mestrado em Direito do Trabalho - USP. Conselheira da OAB/SP. Conselheira do IASP. Diretora da AATSP.

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