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Investimentos estrangeiros via mercado de capitais: a retomada da confiança para investir no Brasil

Com o risco-país mais baixo, o custo capital fica mais baixo e, por consequência, atrai investimentos estrangeiros, fazendo a economia girar.

26/9/2019

O mercado brasileiro vem expressado indícios de recuperação e consequentemente, o princípio da retomada de confiança para investir no Brasil. É o que atesta o relatório emitido pelo TTR (Transactional Track Record), que revela um aumento de 16% do volume financeiro de fusões e aquisições entre os meses de janeiro a julho deste ano.

Ainda de acordo com o relatório do TTR, entre os meses de janeiro a julho de 2019, o número de transações envolvendo empresas brasileiras alcançou 671, destas 535 completadas. Para mais, os aportes financeiros contabilizaram 128 bilhões de reais, alta de 16% face aos mesmos meses de 2018.

Decisões recentes visando uma política econômica estimulativa, têm tido um grande impacto em ampliar as expectativas perante o mercado brasileiro. A título de exemplo, a decisão do Banco Central em reduzir a taxa Selic de 6,5% para 6% ao ano – com tendência a uma progressiva diminuição para até 5%, segundo alguns especialistas –, permite a redução de juros e consequentemente aplaca o consumo, em um cenário de baixa atividade econômica, a determinação de redução dos juros é fundamental para avivar o comércio.

Outro acontecimento que têm fomentado o otimismo financeiro foi a aprovação da Reforma da Previdência, admitida na sua primeira fase pela Câmara dos Deputados. Pelos cálculos do Ministério da Economia, a reforma prevê uma economia de R$933,5 bilhões de reais em dez anos. Com esse cenário, o risco do investidor estrangeiro caiu ao menor patamar em cinco anos, tornando o país mais atrativo para o investimento de capital externo.

Com o risco-país mais baixo, o custo capital fica mais baixo e, por consequência, atrai investimentos estrangeiros, fazendo a economia girar.

O cenário externo é desafiador, porém oportunista para o Brasil. Pela primeira vez desde a crise financeira de 2008, o Banco Central dos Estados Unidos (Federal Reserve) baixou as taxas de juros em um contexto de incerteza provocado pela guerra comercial travada com a China. Essa conjuntura favorece países emergentes, como o Brasil, que se torna atrativo para a captação de recursos estrangeiros, uma vez que apresentam uma taxa de juros mais sedutora.

As últimas ocorrências na agenda econômica do Brasil já suscitam um reflexo positivo na economia, fato que pode ser corroborado pelo relatório do TTR acima descrito. A recuperação do mercado é paulatina, porém, está abrindo portas para o trânsito de novos recursos no país, permitindo a geração de novos empregos e instigando o brasileiro a apostar em novos negócios.

A sinalização otimista do mercado brasileiro, combinada com o incremento da confiança externa, permitirá ao Brasil, no longo prazo, retomar o posto de potência econômica emergente, ocasião em que o empresariado brasileiro deve se preparar para “surfar” neste novo fluxo de investimentos e recursos acessando o mercado de capitais tanto nacional como internacional, via captação de dívida estruturada, formação de joint ventures estratégicas ou até mesmo a realização de operações de fusões e aquisições (“M&A”).

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*Sílvia Moreira Badaró é colaboradora do escritório GVM | Guimarães & Vieira de Mello Advogados







*Helder Felipe Fonseca Damasceno 
é head nas áreas de Direito Corporativo, Societário e M&A do escritório GVM | Guimarães & Vieira de Mello Advogados

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