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Avaliação social no BPC/LOAS: Saiba tudo aqui!

Entenda agora como funciona esse processo, quais critérios o assistente social aplica e em quais situações esse parecer pode ser revisto.

10/6/2025

Você sabia que a avaliação social é um dos principais requisitos para a concessão do BPC/LOAS e que é possível contestar esse parecer caso existam erros ou mudanças na sua condição socioeconômica.

Confira nossas orientações e garanta os seus direitos com segurança jurídica!

Você irá ler aqui:

  1. Introdução;
  2. Base legal da avaliação social;
  3. Critérios utilizados pelo assistente social;
  4. Procedimento prático da avaliação social;
  5. Possíveis impasses e situações de revisão do parecer;
  6. Como e quando contestar o parecer social;
  7. Recomendações para fortalecer sua solicitação.

Entenda tudo sobre a avaliação social do BPC LOAS aqui!

1. Introdução

A avaliação social é um dos pilares fundamentais para a concessão do BPC/LOAS - Benefício de Prestação Continuada, previsto na lei 8.742/1993 (LOAS).

Ela consiste em uma análise detalhada das condições socioeconômicas do requerente e de seu grupo familiar, realizada por um profissional assistente social do INSS.

É por meio desse estudo que se verifica se a família do idoso (acima de 65 anos) ou da pessoa com deficiência possui renda mensal per capita inferior ou igual a ¼ (um quarto) do salário mínimo, requisito indispensável para a obtenção do benefício.

Todavia, a complexidade dessa avaliação social gera diversas dúvidas e controvérsias, porque não basta apresentar documentos básicos: o assistente social realiza uma vistoria domiciliar, entrevista familiar e emite parecer qualitativo.

Diferentes fatores - como tipo de moradia, condições de higiene, escolaridade, acesso a serviços básicos e eventual trabalho informal - influenciam diretamente no resultado.

Ademais, o parecer social pode ser contestado ou revisado em situações de erro, omissão, suspeita de fraude ou alteração na condição econômica do requerente.

Se você ou alguém de sua família depende do BPC/LOAS e deseja entender melhor cada etapa desse processo, acompanhe este conteúdo.

2. Base legal da avaliação social

A avaliação socioeconômica do requerente do BPC/LOAS está amparada por duas principais normas:

  1. Lei 8.742/1993 (LOAS);
  2. IN INSS 100/18;
  3. Portaria MDS 1.243/19.

Essas normas, em conjunto, formam o arcabouço jurídico que orienta o trabalho do assistente social. Na prática, o profissional deve seguir os parâmetros da IN 100/18 e, sempre que houver lacuna, recorrer às diretrizes estabelecidas pelo MDS - Ministério do Desenvolvimento Social na portaria 1.243/19.

3. Critérios utilizados pelo assistente social

A avaliação social leva em conta diversos critérios quantitativos e qualitativos, pois a suposta vulnerabilidade de uma família não se resume a declarar que não há renda formal. É preciso verificar concretamente a realidade em que o requerente e seus dependentes vivem.

Destacamos, a seguir, os principais aspectos considerados pelo assistente social:

3.1 Tipo de moradia

Por que é importante?

O tipo de moradia reflete diretamente a qualidade de vida.

Apesar de não haver preço mínimo ou máximo do imóvel, famílias que vivem em casas improvisadas ou em localidades sem acesso a serviços públicos essenciais revelam situação de pobreza ou extrema pobreza.

A avaliação do assistente social considera tanto a titularidade do imóvel (próprio, financiado, cedido) quanto as condições físicas (estrutura, higiene e segurança).

3.2 Condição de higiene e infraestrutura doméstica

Por que é importante?

A precariedade da higienização e da infraestrutura doméstica coloca a família em situação de maior risco à saúde, demonstrando que recursos financeiros ausentes ou insuficientes impedem que a família mantenha condições mínimas de dignidade.

Esse elemento influencia fortemente o parecer do assistente social.

3.3 Nível de escolaridade e acesso à educação

Por que é importante?

A escolaridade está associada a maior empregabilidade e renda futura. Famílias com baixa escolaridade, que não dispõem de recursos para custear material didático ou transporte, demonstram dificuldade em romper o ciclo de pobreza.

O assistente social, assim, vale-se desse fator para aferir a situação socioeconômica.

3.4 Acesso a serviços básicos de saúde e saneamento

Por que é importante?

O acesso a serviços básicos de saúde e saneamento é indicativo crucial de qualidade de vida. A falta de abastecimento de água, saneamento e serviços médicos gratuitos lembra, muitas vezes, que a família não possui condições financeiras de recorrer ao setor privado.

3.5 Renda formal e informal da família

Por que é importante?

A soma de todos os rendimentos, formais ou informais, impacta diretamente no cálculo da renda per capita.

Conforme o art. 20, § 3º, da LOAS, a renda per capita não pode ultrapassar ¼ do salário mínimo.

Se o assistente social, considerando as entradas de recursos, concluir que a média ultrapassa o limite legal, o parecer será desfavorável.

3.6 Outros fatores socioeconômicos relevantes

Além dos itens anteriores, o assistente social pode ponderar questões que afetem de maneira significativa a vulnerabilidade familiar:

4. Procedimento prático da avaliação social

A IN INSS 100/18 e a portaria MDS 1.243/19 estabelecem, de maneira detalhada, as etapas práticas pelas quais o assistente social deve passar para avaliar o requerente.

A seguir, apresentamos as fases principais:

4.1 Agendamento e documentação inicial

  1. Agendamento no Meu INSS ou pelo telefone 135;
  2. Entrega de documentos pessoais e declaração de renda;
  3. Encaminhamento ao assistente social.

4.2 Visita domiciliar e entrevista com o assistente social

  1. Objetivo da visita domiciliar;
  2. Entrevista estruturada e preenchimento de formulário;
  3. Registros fotográficos e observação de campo.

4.3 Elaboração do parecer técnico-social

  1. Análise e sistematização dos dados coletados;
  2. Emissão de parecer qualitativo e quantitativo;
  3. Conclusão do parecer.

4.4 Encaminhamento ao setor técnico do INSS

  1. Análise conjunta com a perícia médica (quando pessoa com deficiência);
  2. Decisão de concessão ou indeferimento;
  3. Comunicação ao requerente.

5. Possíveis impasses e situações de revisão do parecer

Apesar da robustez dos instrumentos de avaliação, podem surgir situações de discordância, ambiguidade ou necessidade de revisão do parecer social.

Destacamos os principais:

5.1 Detectando indícios de fraude

5.2 Mudança na composição ou renda familiar

5.3 Erros ou omissões no parecer social

5.4 Intervenção do Ministério Público e fiscalização social

6. Como e quando contestar o parecer social

Quando o parecer social é desfavorável ou existem indícios de falhas, é fundamental conhecer as vias de contestação disponíveis, tanto no âmbito administrativo quanto no judiciário.

6.1 Revisão administrativa no INSS

  1. Prazo para recurso: Após o indeferimento do BPC pelo INSS, o requerente dispõe de 30 dias para protocolar recurso administrativo junto à Junta de Recursos do INSS;
  2. Conteúdo do Recurso;
  3. Apresentação de novo relatório social (se necessário);
  4. Trâmite na junta de recursos.

6.2 Documentação complementar e laudos adicionais

Em paralelo ao recurso administrativo, recomenda-se juntar documentos que não estavam presentes no primeiro requerimento ou que demonstrem mudança de condição:

6.3 Produção de prova testemunhal e técnica

Essas provas complementares podem surtir efeitos importantes no âmbito judicial, uma vez que demonstram fielmente a situação de pobreza ou de manutenção da condição de vulnerabilidade.

6.4 Instrumentos judiciais e mandado de segurança

  1. Ação ordinária com pedido de tutela antecipada;
  2. Mandado de segurança;
  3. Tutela de urgência antecipatória (art. 300 do CPC).

Em qualquer hipótese, a atuação de advogado especializado é fundamental para orientar o processo e evitar erros processuais.

7. Recomendações para fortalecer sua solicitação

Para minimizar riscos de indeferimento e fortalecer o seu pedido de BPC/LOAS, considere as orientações abaixo:

  1. Antecipe a reunião de documentos;
  2. Mantenha comprovação atualizada;
  3. Registre todos os gastos mensais de saúde;
  4. Documente a realidade de moradia;
  5. Prepare-se para a visita domiciliar;
  6. Evite omissões e inconsistências.

A avaliação social no âmbito do BPC/LOAS é fundamental para assegurar que o benefício seja concedido a quem realmente precisa.

O assistente social, ao analisar tipo de moradia, condições de higiene, escolaridade, acesso a serviços básicos, rendimentos formais e informais, e demais fatores socioeconômicos, emite um parecer técnico-social que impacta diretamente na decisão final do INSS.

Saber como funcionam os critérios de avaliação e em quais situações o parecer pode ser revisto ou contestado é crucial para evitar indeferimentos injustos e garantir que nenhuma informação relevante seja desconsiderada.

Caso você se identifique com qualquer ponto descrito - suspeita de fraude, mudança na condição familiar, erro no relatório ou necessidade de documentação complementar -, não deixe de agir dentro do prazo administrativo e/ou judicial.

Hermann Richard Beinroth
Mestrando em Direito Público pela Fumec, Pós Graduado em Pratica Previdenciária, Professor de Cursos e Pós Graduações, Ex Vice-Presidente Comissão de Direito Previdenciario da OAB/MG, Membro IBDP.

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