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Legal design e visual law: Redesenhando a advocacia

Trata-se de uma mudança de postura que aproxima o advogado de seu cliente, amplia seu poder de comunicação e fortalece sua reputação profissional.

20/6/2025

Durante décadas, a advocacia foi marcada pela rigidez da linguagem técnica, pela complexidade dos documentos e pela distância entre operadores do Direito e seus clientes.

Contudo, o cenário jurídico contemporâneo vem sendo transformado por duas abordagens inovadoras que conciliam empatia, design e comunicação eficiente: o legal design e o visual law.

Essas metodologias representam uma verdadeira ruptura com o modelo tradicional de elaboração de peças e documentos jurídicos. Propõem soluções centradas no usuário, seja ele um cliente, juiz ou qualquer outro destinatário, com foco na clareza, na acessibilidade e na experiência.

Em um mundo cada vez mais visual, essas ferramentas se tornaram não apenas diferenciais estratégicos, mas verdadeiras aliadas na efetivação do acesso à justiça.

O legal design consiste na aplicação de princípios do design thinking à prática jurídica, com um objetivo claro: tornar o Direito mais compreensível, funcional e centrado nas necessidades do usuário.

Para isso, o legal design conjuga a expertise jurídica com abordagens visuais, linguagem simplificada e soluções interativas.

Ao serem utilizados recursos, como o uso de fluxogramas, quadros-resumo e ícones, aliados a uma organização lógica da informação, é possível elaborar petições e pareceres que comuniquem com clareza, sem sacrificar a profundidade técnica.

Trata-se, pois, de uma forma de agregar valor ‘percebido’, criando uma experiência mais humanizada e efetiva para quem se utiliza dos serviços jurídicos.

O visual law, por sua vez, surge como uma vertente do legal design, focando mais especificamente na visualidade da informação.

A utilização dessas ferramentas estratégicas tem por objetivo tornar a advocacia mais clara, acessível e empática.

Nesse contexto, ao utilizar elementos gráficos como infográficos, linhas do tempo, quadros comparativos e destaques tipográficos, o profissional do Direito consegue orientar a atenção do leitor para os aspectos mais relevantes do documento, facilitando a sua compreensão.

Essa técnica não visa substituir o conteúdo jurídico, mas sim traduzi-lo e potencializá-lo.

A ideia é destacar argumentos, ilustrar raciocínios e facilitar a análise de provas, contribuindo para que juízes, partes e clientes possam compreender, de forma mais direta e intuitiva, as teses jurídicas apresentadas.

Superada a resistência inicial, a adoção do legal design e do visual law na advocacia traz benefícios tangíveis, tais como:

O fato é que a introdução paulatina e sistemática da aplicação do legal design e o visual law nos trabalhos jurídicos é, antes de tudo, uma escolha estratégica.

Representa a adoção de uma cultura que valoriza a empatia, a acessibilidade e a inovação como pilares da atuação jurídica.

Trata-se de uma mudança de postura que aproxima o advogado de seu cliente, amplia seu poder de comunicação e fortalece sua reputação profissional. Em tempos de transformação digital e exigência por soluções mais humanas e eficientes, advogar com design é mais do que uma tendência: é uma evolução necessária.

A advocacia do futuro não se escreve apenas com palavras, mas com propósito, clareza e impacto visual. É tempo de transformar o Direito em linguagem acessível e de tornar a justiça, verdadeiramente, para todos.

Marcia Heloisa Pereira da Silva Buccolo
Advogada no escritório Edgard Leite Advogados Associados. Especialista em Direito Administrativo pela Universidade de Salamanca, Espanha e em Direito Público pela PUC-SP.

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