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Caiu em um golpe? Veja como tentar recuperar seu dinheiro rápido

De falsas centrais telefônicas a golpes de Pix e investimentos: Veja o passo a passo essencial, desde o boletim de ocorrência até a ação judicial contra os bancos envolvidos.

27/6/2025

Infelizmente, os golpes financeiros estão cada vez mais sofisticados e comuns. Entre os mais recorrentes estão o golpe da falsa central telefônica (em que golpistas se passam por funcionários do banco), o golpe do Pix falso (em que o dinheiro é transferido para contas de laranjas), o golpe da falsa tarefa (ofertas de “empregos” online que envolvem depósitos antecipados) e os falsos investimentos com promessas irreais de retorno rápido.

Ao perceber que caiu em uma dessas armadilhas, é essencial manter a calma e agir rapidamente para aumentar as chances de resolver a situação.

O primeiro passo é registrar um B.O. - Boletim de Ocorrência imediatamente, de preferência de forma presencial na delegacia, embora também seja possível fazer online em muitos estados. O B.O. não garante a devolução do dinheiro, mas é fundamental para comprovar que houve um crime, o que poderá ser usado posteriormente em procedimentos administrativos e judiciais.

Após isso, entre em contato com o seu banco e solicite formalmente a abertura do MED - Mecanismo Especial de Devolução - uma ferramenta criada pelo Banco Central para facilitar a devolução de valores transferidos via Pix em caso de fraude.

O pedido de MED deve ser feito em até 80 dias após o golpe, e o banco tem um prazo de até 7 dias úteis para analisar e responder se irá ou não devolver o valor. Se o banco negar ou o valor não for recuperado, o próximo passo é abrir uma reclamação formal no site do GOV.

Essa etapa pode ser feita pelo próprio consumidor, mas o ideal é que um advogado especialista em direito bancário redija a reclamação de forma técnica e fundamentada, aumentando as chances de sucesso.

Caso nenhuma dessas medidas resolva, é hora de procurar um advogado bancário de confiança, pois será necessário ingressar com uma ação judicial contra os bancos envolvidos - tanto o banco pagador (de onde saiu o dinheiro) quanto o recebedor (que recebeu o Pix).

Não adianta tentar localizar o golpista: eles geralmente somem e são difíceis de rastrear. Por isso, a responsabilidade recai sobre os bancos, e um profissional experiente saberá usar teses jurídicas bem fundamentadas para cobrar essa responsabilidade.

Há diversas decisões favoráveis em todo o país, com condenações de bancos por não agirem com segurança nas transações, o que mostra que, embora não seja simples, há sim caminhos reais para buscar justiça e recuperar seu dinheiro.

Bruna Souza
Advogada especialista em Direito Bancário, com atuação nacional. Graduada pela UEMS e pós-graduada em Processo Civil pela UERJ. Sede do escritório em São Paulo/SP. Instagram: @brunasouza.advogada

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