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Conta bancária da empresa bloqueada. O que fazer?

O bloqueio judicial de contas bancárias é um dos momentos mais críticos que um empresário pode enfrentar.

25/8/2025

De repente, ao tentar realizar um pagamento, você descobre que todas as contas da empresa estão congeladas. Em segundos, a operação trava: fornecedores não recebem, funcionários ficam sem salário, compromissos fiscais são descumpridos e o capital de giro evapora.

Para muitas empresas, esse cenário é devastador. E o pior: em boa parte dos casos, o bloqueio ocorre sem qualquer aviso prévio, deixando o empresário em choque e sem saber por onde começar.

A boa notícia é que essa não precisa ser a sentença final do seu negócio. Existem medidas jurídicas imediatas e estratégias de médio prazo que podem não apenas desbloquear os valores, mas também proteger o patrimônio da empresa e negociar dívidas em condições mais favoráveis.

1. Entendendo o bloqueio judicial (SISBAJUD)

O bloqueio judicial, popularmente chamado de “penhora online”, é realizado pelo sistema SISBAJUD - ferramenta que conecta o Poder Judiciário ao Banco Central e às instituições financeiras.

O procedimento normalmente ocorre da seguinte forma:

O SISBAJUD pode atingir:

Importante: o bloqueio pode ocorrer mesmo sem notificação prévia, por isso a reação rápida é fundamental.

2. Primeiras 72 horas: Medidas imediatas

Quando o bloqueio é identificado, cada hora conta. O ideal é seguir um protocolo objetivo:

a) Mantenha a calma

O desespero leva a decisões ruins. Bloqueios são reversíveis em muitos casos.

b) Acione imediatamente um advogado especializado

Direito Bancário e Processual Civil são áreas técnicas. Tentar resolver sem assistência pode agravar a situação.

c) Levante informações essenciais:

d) Avalie a extensão do bloqueio:

e) Estruture um plano emergencial de fluxo de caixa

Enquanto as medidas jurídicas tramitam, é preciso manter a operação minimamente funcional.

3. Estratégias jurídicas para o desbloqueio

O advogado irá analisar o caso e aplicar uma ou mais das seguintes estratégias:

3.1. Embargos à execução ou impugnação

Contestar a cobrança, questionando:

3.2. Pedido de desbloqueio parcial por impenhorabilidade

3.3. Substituição da penhora

Oferecer outros bens em garantia, evitando a retenção de dinheiro em caixa:

3.4. Ação revisional com tutela de urgência

Se houver indícios de abusividade (juros acima da taxa média de mercado, capitalização indevida, tarifas ilegais), é possível:

3.5. Negociação estratégica

Com base em argumentos jurídicos sólidos, é possível inverter a posição de fragilidade e obter:

4. Casos reais de sucesso

Caso 1 - Distribuidora de alimentos:

Dívida bancária de R$ 320 mil: Desbloqueio de 60% dos valores em 15 dias, suspensão da execução e redução de 65% no montante final.

Caso 2 - Indústria Têxtil:

Bloqueio total de contas empresariais e pessoais: Desbloqueio de contas pessoais em 7 dias, redução da dívida de R$ 420 mil para R$ 147 mil, com parcelamento em 36 meses.

5. Prevenção: Evitando novos bloqueios

6. Conclusão: Bloqueio não é sentença final

O bloqueio judicial, embora grave, pode ser revertido ou minimizado com ação rápida, estratégia técnica e apoio jurídico qualificado.

A diferença entre perder o negócio e transformá-lo em uma operação financeiramente saudável está na qualidade da resposta.

Se o seu banco bloqueou as contas da sua empresa, o tempo é seu maior inimigo - mas também pode ser seu aliado se você agir imediatamente.

Charles Dias
Advogado, especialista reconhecido, com atuação em todo o Brasil. Experiência sólida na defesa de direitos, com postura técnica, estratégica e comprometida com resultados.

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