Se isso já aconteceu, atenção: você pode estar sendo vítima de cobrança vexatória, uma prática proibida por lei e que pode gerar indenização por danos morais.
Neste artigo, vamos explicar o que é a cobrança vexatória, como a lei protege o consumidor, quais atitudes são ilegais por parte dos bancos, e o que fazer caso você seja vítima.
O que é considerado cobrança vexatória?
Cobrança vexatória é toda prática abusiva, constrangedora, humilhante ou invasiva feita por bancos ou empresas para forçar o pagamento de uma dívida.
Ela ocorre quando o banco ultrapassa os limites legais e excede o direito de cobrar violando os direitos da personalidade do devedor, como a honra, imagem, privacidade e tranquilidade.
A dívida existe? Pode ser cobrada?
Sim. Mas o meio de cobrança não pode ultrapassar os limites da legalidade, moralidade e respeito ao consumidor.
Quais são os exemplos mais comuns de cobrança vexatória?
Veja algumas situações típicas de cobranças vexatórias praticadas por bancos:
- Ligações diárias e insistentes, inclusive em horários inapropriados;
- Mensagens e áudios agressivos no WhatsApp;
- Cobranças feitas para terceiros, como parentes, amigos, vizinhos ou colegas de trabalho;
- Ameaças de prisão, penhora, perda de bens ou outras consequências ilegais;
- Exposição do consumidor ao ridículo ou envio de correspondência com palavras ofensivas;
- Ligações automáticas sem atendimento humano, que apenas repetem uma mensagem;
- Funcionários mal-educados, que gritam, xingam ou humilham o cliente;
- Cobrança em local de trabalho, escola ou igreja.
Se você se identificou com qualquer um desses cenários, é importante seguir lendo este artigo e entender seus direitos.
O que diz o CDC
O art. 42 do CDC é categórico:
“Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto ao ridículo, nem será submetido a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.”
Além disso, o art. 71 do CDC estabelece pena de detenção de três meses a um ano e multa para quem utilizar de meios vexatórios na cobrança.
Ou seja: não importa se a dívida existe o banco deve respeitar a dignidade do consumidor ao cobrar.
Cobrança vexatória por bancos: Há limites legais?
Sim.
Os bancos têm o direito de cobrar, mas há limites claros sobre como isso deve ser feito.
Os principais limites legais:
- Horário de cobrança: Só pode ocorrer entre 8h e 20h em dias úteis;
- Contato com terceiros: Não pode ser feito sem autorização;
- Reiteração: O banco não pode insistir de forma abusiva, ligando várias vezes por dia;
- Ameaças: O banco não pode prometer prisão, penhora ou inclusão em cadastro de inadimplentes sem respaldo;
- Privacidade: Deve respeitar a intimidade do consumidor e evitar exposição em público.
Mesmo que o consumidor esteja devendo, ele ainda tem direitos que precisam ser respeitados.
O que fazer se você estiver sofrendo uma cobrança vexatória?
Veja os passos recomendados:
1. Reúna provas
- Salve prints de mensagens, ligações e áudios;
- Registre ligações recebidas com horário e frequência;
- Faça um relato detalhado com datas, nomes e contextos;
- Grave, se possível, as conversas (especialmente se forem abusivas).
2. Formalize uma reclamação
- Registre a situação no Banco Central (https://www.bcb.gov.br);
- Faça queixa no Procon da sua cidade;
- Denuncie à ouvidoria do banco.
3. Procure um advogado especialista
- Ele poderá avaliar se há direito à indenização;
- Entrar com uma ação judicial contra o banco;
- Solicitar tutela de urgência para cessar os abusos imediatamente.
Cobrança indevida também é vexatória?
Sim. Inclusive, quando você nem deve e mesmo assim é cobrado, isso configura duplo abuso:
- Cobrança de dívida inexistente;
- Uso de meios vexatórios.
Imagine receber uma ameaça de penhora por uma dívida que você nunca fez?
Ou ver seu nome no SPC/SERASA por engano? Essa situação é extremamente comum e já foi reconhecida pelo STJ como geradora de dano moral presumido.
Como provar a cobrança vexatória?
Você pode provar por meios eletrônicos, testemunhas, gravações e até prints.
Provas aceitas pela Justiça:
- Prints de WhatsApp, SMS, e-mails ou notificações;
- Gravação de chamadas (inclusive sem aviso prévio, pois há jurisprudência favorável);
- Correspondência recebida com termos ofensivos;
- Testemunhos de colegas de trabalho ou familiares;
- Protocolo de atendimento do SAC ou ouvidoria do banco.
O ideal é não apagar nada e manter todas as provas armazenadas com segurança.
Você pode ser indenizado?
Sim. O STJ já consolidou o entendimento de que a cobrança vexatória gera direito a indenização por danos morais, independentemente de ter havido prejuízo material.
Em outras palavras: você não precisa provar que sofreu um prejuízo financeiro, basta comprovar o abuso.
Valores das indenizações
As indenizações variam conforme o grau da ofensa, mas podem chegar a:
- R$ 3.000 a R$ 5.000 por ligações insistentes;
- R$ 10.000 a R$ 20.000 em casos de exposição pública;
- R$ 20.000 a R$ 50.000 ou mais em casos mais graves (como perseguição, ameaças e danos à saúde emocional).
Por que ter um advogado especialista pode mudar o seu caso
Um advogado com experiência em Direito do Consumidor e ações contra bancos pode:
- Orientar você sobre como reunir provas corretamente;
- Evitar perda de prazos ou erros no processo;
- Calcular o valor justo da indenização;
- Pedir tutela de urgência para parar a cobrança imediatamente;
- Agir com firmeza contra o banco, com base em jurisprudência atualizada e sólida.
É comum o banco tentar alegar que “não houve abuso” ou que “foi um erro do sistema”. Um advogado saberá como desmontar essas alegações e proteger seus direitos.
Conclusão: Faça valer seus direitos!
Você não é obrigado a aceitar ligações ofensivas, mensagens humilhantes, ameaças, exposição pública ou qualquer outro tipo de constrangimento de um banco, mesmo que esteja devendo.
A cobrança vexatória é ilegal, imoral e indenizável.
Se você se identificou com qualquer situação deste artigo, não fique calado. Reúna provas, formalize denúncia e conte com um advogado especialista.