Você confiaria integralmente na forma como sua empresa gerencia os riscos ocupacionais? Muitos gestores acreditam que a documentação de SST é apenas uma exigência burocrática, quando, na verdade, deveria refletir a realidade da operação. A recente decisão do CARF, que manteve uma autuação superior a R$ 17 milhões contra uma grande indústria, mostra como essa visão limitada pode custar caro.
O problema não é pontual: trata-se de um sintoma recorrente em diversas organizações, marcado por três falhas críticas. Primeiro, a documentação incompleta: no caso citado, foram solicitados mais de mil PPPs e pouco mais de cem foram apresentados. No olhar do fisco, ausência de documentos significa ausência de controle. Segundo, o “copia e cola” de informações: divergências entre PPPs e dados da GFIP (hoje cruzados automaticamente no eSocial) expõem a fragilidade da gestão. Terceiro, os laudos desatualizados: relatórios engavetados por anos não retratam a realidade dinâmica do ambiente de trabalho, tornando ineficaz a comprovação de medidas de proteção.
Encarar a SST como custo é um equívoco. A omissão sai mais cara que a prevenção. Uma autuação pode comprometer o fluxo de caixa, fragilizar a segurança jurídica e, sobretudo, colocar em risco o maior patrimônio de uma empresa: as pessoas. Documentos robustos e atualizados não apenas evitam multas, mas fortalecem a confiança de colaboradores e garantem produtividade sustentável.
Não se trata de “cumprir tabela”, mas de assumir uma visão estratégica e integrada da gestão de riscos. A empresa que apenas reage às fiscalizações age com atraso. A que investe em diagnóstico contínuo, validação de laudos e alinhamento com o eSocial se protege no presente e no futuro.
A pergunta essencial não é quanto custa fazer gestão de SST, mas quanto custa deixar de fazer.