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Pejotização e "autônomo" de fachada: Como comprovar o vínculo CLT

A pejotização é um fenômeno crescente no mercado de trabalho, onde empresas contratam trabalhadores sob o modelo de PJ - pessoa jurídica ao invés de formalizar o vínculo empregatício .

2/10/2025

pejotização é um fenômeno crescente no mercado de trabalho, onde empresas contratam trabalhadores sob o modelo de PJ - pessoa jurídica ao invés de formalizar o vínculo empregatício com carteira assinada, conhecido como vínculo CLT. Em muitos casos, esses profissionais atuam de forma exclusiva para uma empresa, mas sem os direitos trabalhistas previstos pela CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, como férias, 13º salário, FGTS e seguro-desemprego. O fenômeno também está relacionado ao conceito de “autônomo de fachada”, onde o trabalhador é, na prática, um empregado, mas se vê forçado a se registrar como autônomo ou PJ para conseguir o trabalho. Mas como comprovar o vínculo CLT e garantir os direitos que são devidos? Neste artigo, vamos explorar os principais pontos sobre a pejotização, como identificar quando ela ocorre e como comprovar o vínculo de emprego.

1. O que é pejotização e “autônomo de fachada”?

pejotização acontece quando uma empresa contrata um trabalhador com a finalidade de evitar encargos trabalhistas e fiscais. O trabalhador é registrado como PJ - pessoa jurídica, ou seja, ele se formaliza como uma empresa e presta serviços para a contratante. Esse modelo evita o pagamento de encargos trabalhistas, como férias, 13º salário, FGTS e demais direitos previstos pela CLT.

O termo “autônomo de fachada” se refere a um trabalhador que, na prática, é tratado como empregado, mas é formalizado como autônomo ou PJ. Essa situação ocorre com frequência em setores onde os contratos de trabalho são mascarados por acordos entre o empregador e o trabalhador para evitar a formalização do vínculo de emprego.

2. Como identificar a pejotização ou autônomo de fachada?

Para que a pejotização ou a condição de autônomo de fachada seja caracterizada, é necessário observar alguns aspectos da relação de trabalho. Alguns dos sinais que indicam que o trabalhador pode ser considerado um empregado com vínculo CLT, mesmo quando registrado como PJ ou autônomo, incluem

3. Como provar o vínculo de emprego (CLT)?

Se o trabalhador se encontra nessa situação, onde é formalizado como PJ ou autônomo, mas na prática exerce atividades típicas de um empregado, é possível buscar o reconhecimento do vínculo empregatício e a formalização do contrato de trabalho com a carteira assinada. Para isso, é necessário reunir provas que comprovem que a relação de trabalho não é de natureza autônoma, mas sim de emprego.

Algumas das maneiras mais eficazes de comprovar o vínculo de emprego incluem:

a) Provas documentais

Documentos que mostrem a prestação de serviços de forma subordinada, como e-mails, mensagens, ordens de serviço, relatórios de atividades, entre outros, podem ser fundamentais para demonstrar que o trabalhador se submete à supervisão da empresa e realiza suas atividades de acordo com a sua orientação.

b) Testemunhas

Depoimentos de colegas de trabalho ou outros profissionais da empresa podem ajudar a comprovar que o trabalhador atuava de maneira subordinada, cumprindo ordens diretas da empresa. Testemunhas que possam confirmar a jornada de trabalho, a exclusividade e a subordinação são cruciais.

c) Extratos bancários

Extratos bancários que mostrem o pagamento regular de valores fixos pela empresa podem indicar uma relação mais próxima de um vínculo de emprego. Além disso, a ausência de pagamentos típicos de uma empresa contratante de PJ, como pagamento de tributos e de direitos trabalhistas, pode ser um indicativo de que o trabalhador deveria estar registrado como empregado.

d) Controle de jornada

Se o trabalhador tinha horário fixo de entrada e saída, utilizava crachá de acesso ou possuía cartão de ponto, isso pode indicar que havia controle da jornada, um dos requisitos essenciais para a caracterização do vínculo CLT.

e) Relatório de atividades

Um trabalhador com vínculo CLT executa atividades que têm características específicas e que geralmente envolvem a imposição de um cargo e funções fixas. Relatórios sobre as atividades que o trabalhador realizava podem evidenciar a subordinação, e a falta de flexibilidade para realizar outros trabalhos pode indicar um vínculo empregatício.

4. O que o trabalhador pode requerer ao comprovar o vínculo CLT?

Quando o vínculo CLT é reconhecido, o trabalhador tem direito a uma série de benefícios trabalhistas que não são concedidos aos trabalhadores autônomos ou PJ. Alguns desses direitos incluem:

5. Conclusão: Garantindo os seus direitos trabalhistas

pejotização e a condição de autônomo de fachada são práticas que prejudicam os trabalhadores ao impedir o acesso aos seus direitos trabalhistas. Porém, quando identificado que a relação de trabalho se caracteriza como vínculo de emprego, o trabalhador tem o direito de buscar a devida formalização e a recuperação dos direitos que lhe são devidos.

A comprovação do vínculo CLT pode ser feita por meio de provas documentais, testemunhais e bancárias, e ao final, o trabalhador pode reivindicar todos os benefícios previstos pela legislação trabalhista. Portanto, se você está nessa situação, não hesite em procurar a Justiça do Trabalho para garantir seus direitos.

Ricardo Nakahashi
Advogado e Pós-graduado em Direito Processual Civil pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP. Especialista em Direito do Trabalho.

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