O fenômeno bullying vem trazendo inúmeras preocupações, com impactos que reverberam não apenas na fase infanto-juvenil, mas também na vida adulta.
O tema em apreço imprescindível de um olhar mais apurado, seja ele dos pais, responsáveis, aqui entendidos também os cuidadores, mas também e, principalmente, das escolas, as quais, via de regra, são os locais marco inicial desta prática. Em muitos casos, não se trata de uma simples “brincadeira” natural e importante no desenvolvimento das crianças e adolescentes, mas sim de uma atitude vil, em que o teor pode levar a sentimentos e sensações diversas e que repercutem diretamente na vida cotidiana/social do indivíduo.
Um ponto crítico, comumente já banalizado e que merece principal enfoque, consiste no fato de que muitas escolas, professores, auxiliares e até mesmo gestores não se mostram preparados para lidar com a situação e, principalmente, intervir de forma eficaz.
Acredita-se que diversas são as formas de coibir a prática, que vão desde a instrução, através de livros, vídeos, políticas, rodas de conversa, de forma a criar um ambiente de empatia e respeito nas escolas, se estendendo assim também para o lar.
Neste aspecto, a escola tem a responsabilidade legal e pedagógica para adoção de medidas preventivas, de conscientização e até mesmo coercitivas da já e inevitavelmente propagada prática do bullying.
O bullying, silencioso ou não, é agressivo e a vítima nem sempre consegue se desvencilhar das amarras por ele incutidas, que trazem transtornos físicos e, na grande maioria dos casos, emocionais/psicológicos, tais como depressão, baixa autoestima, além do distanciamento e fobia social, evasão escolar e, inclusive, a ideação suicida. É um estado de evolutiva insegurança, sensação de impotência e invalidez crescente.
Partindo desta premissa, a exposição ao medo latente propriamente dito, que somatizados afetam o funcionamento da perfeita biologia corporal configura dano moral e, por consequência, reparação.
Neste sentido, temos que até mesmo a forma de abordagem para coibir a prática pode se mostrar o estopim de sentimentos como a revolta, raiva, sensação de impotência e até mesmo o desespero diante da situação ocorrida ou vivenciada pelo indivíduo.
O atraso na identificação e ausência de medidas para extirpar e/ou minimizar a prática sistêmica e reiterada de um agressor, podem ser fatais e em alguns casos, trágicas.
Há que se ter em mente de que a vítima precisa ser acolhida com empatia e muita escuta até e inclusive para não exacerbar sentimentos já violados. Já o causador, por sua vez, precisa entender que aquela prática, além de abusiva, agressiva, remete a transtornos que ultrapassam a mera e simples “brincadeira”.
Mas, como lidar com essas situações com crianças/adolescentes, em plena fase de desenvolvimento, autoconhecimento e identificação da própria personalidade? O caminho, embora entendido como tortuoso, ao que se vislumbra, é e sempre será o da educação estendida, aquela que não se traduz apenas no que é ensinado no ambiente escolar e/ou previsto na nossa legislação, mas o que se aprende também dentro do lar.