Migalhas de Peso

E tudo continua igual

Os fatos continuam acontecendo sempre iguais. A corrupção continua à solta, vide os resultados das CPIs. Quem pode rouba, manda e desmanda cada vez mais — você sabe de mim e eu sei de você, então é melhor se calar.

11/6/2008


E tudo continua igual

Sylvia Romano*

Os fatos continuam acontecendo sempre iguais. A corrupção continua à solta, vide os resultados das CPIs. Quem pode rouba, manda e desmanda cada vez mais — você sabe de mim e eu sei de você, então é melhor se calar. O preconceito sempre aparece mesmo sendo politicamente incorreto — veja o caso dos militares que assumiram sua homossexualidade e hoje um deles está na cadeia. Imaginem vocês que isto não exista no exército, na marinha e, principalmente, na aviação, na política e nos esportes. Enquanto isso, a violência, segundo a maioria que decide e fala sobre o tema, foi resumida a um problema meramente social.

As eleições vêm aí e passam a ser o único interesse de quem quer continuar mandando e se locupletando às custas das "burras do Estado" (como se dizia antigamente). Os falsos representantes de Deus permanecem vendendo o "paraíso" pós-mortem, sem direito a nenhuma reclamação dos consumidores de seus produtos. Não vou nem citar a questão da saúde, educação, ecologia e do desemprego. A inflação está sob controle e só existe para quem precisa se preocupar em como comprar comida. Os aposentados vão bem, obrigado, basta morrer cedo para não caírem na mendicância total.

Os esportes, principalmente o futebol, também vai muito bem. Percebam a alegria dos torcedores quando os seus times vencem e se tornam o ópio do povo. As artes estão cada vez mais criativas e elevadas, temos atualmente a "mulher melancia", os novos conjuntos musicais de "Funk", os grandes pintores marqueteiros e, despontando na literatura, Paulo Coelho. Na TV, quem dá ibope é o "Big Brother" e as entrevistas cada vez mais criativas de "Lucianas" e outras luminares da inteligência brasileira. Os produtivos bancos, com grande orgulho e alegria, continuam divulgando os seus maravilhosos resultados financeiros, que batem recordes ano a ano. Já os jornais e as revistas, por sua vez, têm as tiragens diminuídas a cada edição. Livros então nem se fala, a população dobra e o número de exemplares vendidos fica cada vez menor. Pensando na população, a Santa Madre Igreja, como sempre, incentivando o nascimento de novos miseráveis e protegendo os pobrezinhos dos embriões — a ciência e a pesquisa que permaneçam como estão. Quanto à questão dos índios, que fiquem como bichos no grande zoológico que representa hoje cerca de 13% do território nacional

E tudo continua igual, menos o nosso tempo de vida, que fica menor a cada instante, bem como as nossas esperanças de um futuro melhor, os nossos desejos, a necessidade de nos sentirmos seguros, respeitados, cidadãos e, principalmente, a felicidade que um dia esperávamos encontrar — felicidade esta que só existiu no momento em que sonhávamos, em vão, que ela um dia iria acontecer.

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*Advogada do escritório Sylvia Romano Consultores Associados










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