Migalhas Quentes

Agradecimento

Miguel Reale Jr agradece o convite dos alunos da PUC/RJ

31/7/2003

  Agradecimento

 

O dr. Miguel Reale Júnior*, do escritório Reale Advogados Associados, foi indicado patrono dos bacharelandos do curso de Direito noturno da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro.

 

O jurista ficou lisonjeado com o convite, porém, impossibilitado de comparecer à solenidade, enviou aos formandos a carta de agradecimento que se segue.

 

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Prezados Bacharelandos do Curso de Direito Noturno da PUC do Rio de Janeiro

 

Impossibilitado de comparecer à solenidade de formatura da turma que leva meu nome, peço licença para, comovido, enviar os meus agradecimentos e cumprimentar a todos os jovens formandos, aproveitando para dirigir breves palavras.

 

Causa satisfação e surpresa saber que jovens da PUC do Rio de Janeiro resolveram dar o meu nome à sua turma de formatura.

 

Ao mesmo tempo em que me regozijo com a escolha, pergunto-me a razão pela qual moços e moças entenderam se unirem a mim de forma perene, designando sua turma com o meu nome.

 

É justa a minha indagação, pois, me sinto responsável a ter de corresponder a esta prova de confiança dos jovens, que nutrem expectativas de que lhes possa passar alguma mensagem fundada em minha experiência de vida.

 

No texto do convite, que vem abaixo de minha indicação como patrono, faz-se referência à verdade a ser encerrada no coração e a ser revelada em cada ato. Posso, da minha carreira como professor, como advogado e administrador público, retirar a importância da busca incessante da verdade para torná-la o alicerce de decisões e atitudes.

 

Só me cumpre lhes dizer que, como partícipes da Administração da Justiça, na condição de juiz, advogado, promotor público, ou delegado de polícia apenas sentir-se-ão em paz diante da certeza de haver com visão crítica e racionalidade, portanto, sem preconceitos e impressionismos, procurado a verdade.

 

Um dos riscos dos tempos atuais, no qual os meios de comunicação ganham tanta força, é o de confundir a verdade com o que é aceito e divulgado pela mídia, fazendo do reconhecimento pela opinião pública a medida da verossimilhança e plausibilidade de uma versão dos acontecimentos submetidos à análise e à apreciação.

 

Apenas um distanciamento crítico, a sujeição ao bom senso e à lógica na valoração das provas, em especial quando meramente indiciárias, poderá conduzir a uma verificação da verdade, a mais aproximada possível, para que a discricionariedade judicial ou do administrador não se transforme em arbítrio, em capricho.

 

Contrastando com o ceticismo relativista de RADBRUCH que considerava que não sendo possível conhecer o justo, pode-se apenas saber o que é o jurídico, ouso afirmar ser viável ter o sentimento do justo. Ao se possuir a convicção de haver alcançado a verdade ou dela se aproximado, sem a influência de preconceitos, para com base nela formular uma decisão ou optar por uma determinada atitude, percebe-se não haver produzido uma injustiça.

 

Assim, acredito ser possível conhecer o justo, que se revela negativamente, pela firme sensação de não se haver cometido uma injustiça. A injustiça mostra-se de imediato, de plano, e causa inconformismo e indignação. O justo se apreende com a certeza de não se ter sido injusto, o que apenas é viável se houve a busca desinteressada da verdade.

 

Finalizando minha mensagem, apenas sugiro, aos queridos formandos do Curso de Direito Noturno da PUC do Rio de Janeiro, que alimentem, em sua trajetória no universo do Direito, a obsessão pela verdade e a coragem da indignação frente a cada injustiça.

 

Recebam, prezados colegas, a minha manifestação de gratidão pela homenagem recebida, pretendendo ao longo do tempo poder cumprimentar a cada um, deixando à distância um grande abraço de parabéns pelo sucesso universitário alcançado, com a certeza do sucesso profissional a ser em breve obtido.

 

Cordialmente,

 

Miguel Reale Júnior.

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Miguel Reale Júnior é advogado do escritório Reale Advogados Associados.

 

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