Migalhas Quentes

Não cabe ao Judiciário fazer juízo de valor sobre viabilidade da empresa que busca recuperação judicial

Entendimento é da 4ª câmara Cível do TJ/ES ao anular sentença que negou pedido de recuperação.

29/3/2017

"O art. 52 da Lei de Recuperação Judicial (Lei n.º 11.101 / 05) impõe ao Juiz deferir o pedido de processamento da recuperação judicial quando constatar estar em termos a documentação acostada à petição inicial, não lhe cabendo exercer, ainda na fase postulatória, juízo de valor a respeito da viabilidade da empresa."

Sob esse entendimento, a 4ª câmara Cível do TJ/ES deu provimento ao recurso da empresa e, por ausência de fundamentação, anulou sentença que indeferiu o processamento da recuperação judicial.

A empresa solicitante atua no ramo de empreendimentos imobiliários e de construção. Na origem, o juízo da 13ª vara Cível Especializada Empresarial e Recuperação Judicial e Falência da Comarca de Vitória/ES indeferiu o pedido sob o argumento de que a postulante não apresentava viabilidade. Mas a empresa interpôs recurso sob o argumento de que, de acordo com o art. 52 da LRF, cumpridos os requisitos previstos na lei, o juízo deferirá o processamento.

Após longo debate, somente votou por negar provimento ao recurso o relator, desembargador Walace Pandolpho Kiffer. O colegiado, no entanto, votou com a divergência, em voto apresentado pelo desembargador Arthur José Neiva de Almeida.

"Como assinalam doutrina e jurisprudência, o processamento da Recuperação Judicial da empresa envolve três fases distintas: a postulatória, a deliberativa e a de execução. Na primeira fase – postulatória –, não se deve analisar, de fato, a viabilidade ou não da empresa que pede o processamento da Recuperação Judicial; o Juiz deve, apenas, verificar se essa empresa preenche os requisitos formais previstos na Lei de Recuperação Judicial."

De acordo com o voto vencedor, em casos peculiares é possível o indeferimento do processamento da recuperação judicial, mesmo na hipótese da documentação acostada à petição inicial estar em termos, com base na constatação da inviabilidade de soerguimento da empresa. "Entretanto, é imperioso, nesses casos, que haja prova clara e flagrante a demonstrar a inexistência de chance de recuperação judicial da empresa."

Não sendo este o caso em análise, o colegiado decidiu dar provimento ao recurso e anular a sentença por ausência de adequada fundamentação. O magistrado determinou o retorno dos autos à instância originária.

A empresa e seus sócios são representados pelo advogado Victor Nepomuceno, sócio do escritório Cabral Gomes & Thronicke Advogados Associados.

Veja, na íntegra, a decisão.

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