Migalhas Quentes

PGR pede inquérito no STF contra ministro da Educação por suposta homofobia

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Milton Ribeiro atribuiu a homossexualidade de jovens a "famílias desajustadas".

26/9/2020

O vice-PGR, Humberto Jacques de Medeiros, pediu que o STF autorize abertura de inquérito para apurar declarações, supostamente homofóbicas, feitas pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. O relator é o ministro Dias Toffoli.

Na entrevista, Milton Ribeiro atribui a homossexualidade de jovens a "famílias desajustadas", além de considerar a homossexualidade como "opção":

“Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas. Falta atenção do pai, falta atenção da mãe. Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí. São questões de valores e princípios.”

Segundo o ministro da Educação, tal posicionamento não conflita com o compromisso de posse de respeitar a laicidade do Estado. Para ele, "tem muita gente que não é evangélico que também não aceita isso. “É uma pauta da sociedade mais conservadora", disse.

“Se eu estabelecesse, por exemplo, uma regra “não vai dar uma aula se o cara é homossexual”... Temos Estados aí que têm professores transgêneros, isso não tem nada a ver comigo. Não terei influência.”

Milton Ribeiro é o 4º ministro da Educação do governo Bolsonaro. Relembre os ministros anteriores:

Crime de homofobia - STF

Em junho do ano passado, o plenário do STF decidiu que deve ser aplicada a lei do racismo para atos de homofobia e transfobia, enquanto não houver edição de lei por parte do Congresso. Os ministros reconheceram que há omissão e mora do Legislativo em editar lei que criminalize atos homotransfóbicos.

O ministro Celso de Mello foi o relator e, em voto histórico, fez uma longa defesa dos direitos LGBTQ+. Naquela oportunidade, Celso de Mello explicou que "racismo"designa todas as formas de intolerância que, representam a negação da igualdade e fomentam a divisão dos grupos sociais. Assim, esse conceito deve ser encarado de forma ampla, como racismo social em uma dimensão cultural e sociológica, e não limitado a uma condição genética ou fenotípica.

Veja a íntegra do voto de Celso de Mello. 

Situação da comunidade LGBTQ+

Durante o julgamento, no ano passado, os ministros expuseram a triste realidade de preconceito e discriminação que a comunidade LGBTQ+ vive. A FGV DAPP - Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas divulgou dados* sobre o tema. Confira:

*Os dados compilados em 2018 vão até o mês de junho.

 

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STF considera crimes homofobia e transfobia e manda aplicar lei do racismo

13/6/2019
Migalhas Quentes

"Quantas mortes serão necessárias para sabermos que já morreu gente demais?", diz vice-PGR sobre homofobia

14/2/2019

Notícias Mais Lidas

Aos gritos, promotor chama advogado de “safado, pilantra, bosta e frouxo”

25/4/2024

MP/SP arquiva caso de abuso de autoridade de policial contra advogado

25/4/2024

STJ aplica honorários por equidade em execução fiscal

25/4/2024

Cão Joca: Legislativo e ministério da Justiça se posicionam sobre caso

25/4/2024

Promotor que chamou advogado de “bosta” é alvo de reclamação no CNMP

25/4/2024

Artigos Mais Lidos

Do “super” cônjuge ao “mini” cônjuge: A sucessão do cônjuge e do companheiro no anteprojeto do Código Civil

25/4/2024

Domicílio judicial eletrônico

25/4/2024

Pejotização: A estratégia que pode custar caro

25/4/2024

Transação tributária e o novo programa litígio zero 2024 da RFB

25/4/2024

Burnout, afastamento INSS: É possível?

26/4/2024