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Bolsonaro critica mais uma vez carteira da OAB

"Não pode a pessoa se formar e não poder trabalhar", disse o presidente para apoiadores diante do Palácio. Felipe Santa Cruz reage e diz que exame existe para proteger o cidadão

20/10/2020

O presidente da República, Jair Bolsonaro, novamente criticou a carteirinha da OAB. Segundo o chefe do Executivo, “se dependesse dele, a carteirinha da OAB não seria exigida para advogar”.

Bolsonaro encontrou-se com apoiadores diante do Palácio da Alvorada e afirmou que “não pode a pessoa se formar e não poder trabalhar”. A declaração foi dada após um simpatizante formado em Direito dizer que estava trabalhando como motorista de aplicativo enquanto aguardava para realizar a prova da OAB.


Felipe Santa Cruz, presidente da Ordem, respondeu que o exame é uma forma de proteger o próprio cidadão. Segundo Santa Cruz, a prova mede a capacidade jurídica do candidato a advogado, que é o "defensor dos direitos elementares" da população.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, Felipe afirmou: "o exame de Ordem tem como finalidade atestar a capacidade jurídica dos formandos em Direito, para proteção do próprio cidadão, que tem no advogado o defensor dos seus direitos elementares: do direito à vida, à saúde, à defesa, à propriedade”.

Na mesma entrevista, o presidente da OAB destacou que a prova estabelece critérios básicos de conhecimento para exercício objetivo da profissão e defesa da cidadania.

Críticas constantes

Esta não é a primeira vez que Bolsonaro se mostrou contra a existência do exame da OAB. Em maio deste ano, ao responder um bacharel sobre "direito ao trabalho" dos advogados, o presidente falou da dificuldade em passar o tema no Congresso: "eu acho justo, fez faculdade tem que trabalhar. Não tem que fazer exame de Ordem, que é um caça-níquel, muitas vezes".

Em 2007, quando era deputado Federal, Bolsonaro propôs o PL 2.426/07, a fim de que fosse extinto o exame. O projeto foi apensado a um outro de 2005, proposto por Max Rosenmann, com mesmo tema. Os textos ficaram na gaveta e aguardam o parecer do relator na CCJ.

Veja o histórico de declarações do ex-deputado contra o exame:

Inscrição obrigatória

Em julho do ano passado, o ministro da Economia Paulo Guedes, apresentou ao presidente da República a PEC 108/19 para pôr fim à necessidade de profissionais se inscreverem em conselhos de classe.

À época, o Conselho Federal da OAB se manifestou em nota, afirmando que a proposta se tratava de uma tentativa de enfraquecer instituições e desmontar um sistema que preza pela qualidade da advocacia.

Após repercussão negativa, dois assessores de Guedes comunicaram que a PEC não atingirá a OAB. Atualmente, a proposta aguarda parecer do relator da CCJC - Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania na Câmara dos Deputados.

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