Migalhas Quentes

Estudante é condenado por racismo no WhatsApp: “orgulho de ser branco”

Ele deverá prestar serviços comunitários em uma entidade a ser definida pelo Juízo de Execução.

11/5/2021

A juíza de Direito Paloma Moreira de Assis Carvalho, da 15ª vara Criminal da Barra Funda/SP, condenou um estudante por incitar a discriminação de raça e cor em um grupo de WhatsApp. Ele deverá prestar serviços comunitários em uma entidade a ser definida pelo Juízo de Execução.

(Imagem: Danilo Verpa/Folhapress)

Segundo se apurou no inquérito policial que embasou a denúncia, o acusado, à época aluno universitário, era conhecido por proferir comentários racistas, homofóbicos e xenófobos em sala de aula. No dia dos fatos, em um grupo de mensagens de alunos da faculdade, o réu fez a postagem com os seguintes dizeres: “branco...orgulhe-se de ser branco...preserve nossa raça não se misturando”.

Questionado por um colega de sala, o acusado disse no mesmo grupo: “se você acha que eu cometi racismo ligue 100 (direitos humanos) e ou ligue 190 (PM) e me denuncie”.

O acusado ainda chamou uma colega de “monkey” (macaco em inglês) e disse que não falava com pessoas da “cor” dela.

Para a juíza, há prova da existência do crime e de sua autoria.

“A versão das testemunhas foram uniformes e coerentes, escorada por tudo o mais que foi angariado antes e durante a instrução processual, confirmando a existência do crime e a sua autoria, nos termos da denúncia oferecida pelo Ministério Público.”

Segundo a magistrada, não merece credibilidade a versão da defesa que as ofensas proferidas pelo acusado consistam em liberdade de expressão e/ou discussão acadêmica e que não tinham a intenção de minimizar ou constranger indivíduos de outra cor.

Além disso, afirmou a juíza, o réu se utiliza da falácia do "racismo reverso" para justificar as postagens nos grupos. “Em suma, o autor se vê, de forma equivocada, no direito de exaltar o orgulho de sua raça nos mesmos moldes em que os indivíduos negros exaltam a sua”.

“Quando o réu se diz orgulhoso de sua raça e que as pessoas brancas têm que se preservar ‘não se misturando’, sua conduta incita e induz à discriminação, uma vez que, do seu ponto de vista, indivíduos brancos não devem se relacionar com outras raças consideradas, por ele, inferiores ou vis.”

Leia a decisão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Homem indenizará por racismo: “Brasil não vai pra frente porque princesa liberou escravos”

20/11/2020
Migalhas Quentes

Lojas Renner pagará R$ 100 mil a funcionária que sofreu racismo e desenvolveu transtorno

19/11/2020
Migalhas Quentes

Passageiro será indenizado por sofrer racismo em avião

6/3/2020
Migalhas Quentes

“Racismo reverso é equívoco interpretativo”, diz juiz ao absolver negro por posts no Facebook

29/1/2020

Notícias Mais Lidas

"Vocês chegam para pesar em gastos", diz juiz a servidores em posse

29/4/2024

Cerca de 1/4 dos advogados desempenha outra atividade profissional

30/4/2024

45% dos advogados brasileiros têm renda de até R$ 6,6 mil

30/4/2024

Juíza determina prisão de jornalista que ofendeu promotor e magistrado

29/4/2024

Home office é realidade para 43% dos advogados

30/4/2024

Artigos Mais Lidos

O julgamento das ADIns 2.110 e 2.111 e a revisão da vida toda

30/4/2024

A importância do combate à alienação parental e o papel dos advogados de Direito de Família

29/4/2024

Prova de vida 2024: Saiba tudo aqui

30/4/2024

Blindagem societária avançada: Como contratos sociais detalhados e acordos de sócios robustos protegem seu negócio

29/4/2024

O futuro das concessões e PPPs no Brasil: Lições do passado, realidades do presente e visão para o amanhã

29/4/2024