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8 de março: Não serei a última, diz 1ª mulher a comandar o TJ/RS

Em entrevista ao Migalhas, a desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira fala sobre a necessidade de qualificação das mulheres no mundo jurídico; o Judiciário ideal e, por fim, deixa um recado para as operadoras do Direito.

8/3/2022

Na infância, Iris Helena Medeiros Nogueira não podia ver uma briga entre crianças que já tinha vontade de solucionar a disputa. E resolvia: logo tratava de apurar quem era o dono do brinquedo e terminava por fazer uma conciliação entre os amigos. O espírito de juíza já estava ali.

Hoje, Iris Helena Medeiros Nogueira é desembargadora e, não só isso, ela é a 1ª mulher e a 1ª pessoa negra a presidir o TJ/RS. Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, Migalhas teve a honra de entrevistar a presidente recém-empossada do Tribunal gaúcho. Já avisamos as migalheiras: essa reportagem será uma dose de motivação.

“Eu sou a primeira, mas tenho certeza de que não serei a última. Tenho consciência da minha responsabilidade por ser a primeira, por abrir essa porta, que eu não posso permitir que se feche.”

Para se ter ideia onde a desembargadora Iris Helena chegou, mostramos números:

Nos quadros de presidentes da instituição, só se veem nomes masculinos. Uma realidade que acaba de mudar.

“O sentimento de conquista é muito forte. Me sinto vitoriosa.”

A maior parte da vida estudantil de Iris Helena foi em escola pública. No vestibular, ela prestou dois cursos: Serviço Social e Direito. Passou nos dois, mas optou pelo Direito por influência do pai, que era advogado. Olhando para trás, a magistrada afirma: “faria a mesma escolha muitas vezes, se fosse necessário”. Se formou em Direito em 1981, na UFPel - UFPel - Universidade Federal de Pelotas.

Vida pessoal e profissional

Iris Helena é solteira, não tem filhos, mas se dedica à família (seus irmãos e sobrinhos “filhos”). Ela, no entanto, afirma que ter família/filhos não é óbice para a carreira, pois existem profissionais valorosas que atendem muito bem às atribuições jurisdicionais.

Sobre o avanço feminino, a desembargadora contou que faz pouco tempo que as mulheres saíram da função exclusiva de mãe e administradora do lar e comemorou o avanço: “temos magistradas capazes e preparadas que, a seu tempo, chegarão à presidência do Tribunal, se assim o quiserem, e alcançarão os cargos de destaque na administração que escolherem”.

Ir atrás do que se quer

A presidente Iris Helena tem tempo e idade para se aposentar, mas, mesmo assim, se propôs ao desafio de chefiar um tribunal de grande porte: “saí da zona de conforto”.

Para as mulheres do Direito, que pretendem crescer na carreira, a desembargadora fala da importância da “saudável ambição” pelo crescimento: “para que se chegue a algum lugar há de se ter superação. Nós devemos nos preparar, termos uma educação, um estudo, a qualificação e irmos à luta para conquistarmos maior espaço”.

Judiciário ideal: "de gente para gente"

Agora, à frente do Judiciário gaúcho, Migalhas perguntou à desembargadora Iris Helena quais as características de um Judiciário ideal. Para S. Exa., a instituição deve ser feita “de gente para gente”.

Para a ela, o Judiciário deve ser cada vez mais informatizado; provedor de boas condições para seus servidores, além de ser uma instituição célere.

Dia Internacional da Mulher

Aproveitando a importância do dia 8 de março, a desembargadora Iris Helena Medeiros Nogueira deu um recado muito especial às mulheres do Direito: “continuem com muito denodo, se dedicando à causa da Justiça. Apurar a verdade, fazer com que o Direito venha socorrer os casos concretos”.

 

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