Migalhas Quentes

“Prática nefasta”: Juiz repreende advogado por 200 ações semelhantes

O advogado propôs ação contra uma instituição financeira acerca da nulidade de contrato bancário firmado por pessoa analfabeta. Magistrado de PE observou que havia 200 ações semelhantes.

17/3/2022

O juiz de Direito Bruno Jader Silva Campos, de Terra Nova/PE, mandou oficiar à OAB e ao MPE/PE o caso de um advogado que protocolou 200 ações naquela comarca - esse número representa quase a metade de todas as ações distribuídas no último ano na vara.

O magistrado verificou que o causídico protocolou petições genéricas, repetitivas, e com causas de pedir ou pedidos muito semelhantes. “Demandas predatórias”, classificou o magistrado.

O caso tratava de ação proposta por uma mulher contra uma instituição financeira acerca da nulidade de contrato bancário firmado por pessoa analfabeta.

O juiz, no entanto, extinguiu o processo e determinou o ofício à OAB e ao Ministério Público Estadual. O magistrado observou que o causídico usou a mesma petição inicial para protocolar diversas ações em lote, alterando apenas os dados pessoais da parte, quando diversas, e o número do negócio jurídico contestado.

“Prática nefasta”: Juiz repreende advogado que propôs 200 ações semelhantes.(Imagem: Freepik)

"Prática nefasta"

Para o magistrado, o caso tem fortes indicativos do fenômeno das demandas predatórias. O juiz explicou que os seguidores dessa “prática nefasta” se aproveitam da abundância de demandas judiciais, em grande número por ela ocasionadas, contra empresas de grande porte, mormente instituições bancárias, para dificultar a defesa destas ou torná-las deficientes, “justamente pela quantidade colossal de processos, o que aumenta, inclusive, a chance de êxito do pedido autoral”.

Ademais, o juiz anotou que o objetivo da propositura de processos em lotes, nos casos de demandas predatórias, é o alcance do enriquecimento ilícito por parte desses advogados.

“Destaque-se que a utilização despropositada e abusiva do Poder Judiciário, seja pela prática de má-fé processual, seja pelo abuso do direito de postular, afeta negativamente a prestação jurisdicional, tornando-a morosa e não efetiva.”

Por fim, o magistrado concluiu que o caso possui indícios suficientes de irregularidades, vícios insanáveis de representação, captação ilegal de clientes, falta de conhecimento da parte autora no ajuizamento das ações, além de ofensa à boa-fé processual.

O escritório Parada Advogados defendeu o banco.

Leia a decisão.

________

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

"Oficie-se à OAB": Advogado propõe 11 mil ações similares

10/3/2022
Migalhas Quentes

Advocacia predatória: Juiz extingue 972 ações do mesmo advogado

2/2/2022

Notícias Mais Lidas

Marcio Garcia terá de responder por dívida de aluguel de R$ 1,5 milhão

2/12/2025

Juíza condena escritor a indenizar Pedro Benoliel por post antissemita

2/12/2025

União indenizará mulher incluída por engano em processo trabalhista

2/12/2025

Ministro retira processo de pauta após advogada apontar falha em voto

2/12/2025

Juíza aponta falta de acolhimento a jovem morto por leoa em João Pessoa

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

Abertura de empresas e a assinatura do contador: Blindagem ou burocracia?

3/12/2025

Como tornar o ambiente digital mais seguro para crianças?

3/12/2025

Recuperações judiciais em alta em 2025: Quando o mercado nos lembra que agir cedo é um ato de sabedoria

3/12/2025

Seguros de danos, responsabilidade civil e o papel das cooperativas no Brasil

3/12/2025

ADPF do aborto - O poder de legislar é exclusivamente do Congresso Nacional

2/12/2025