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Pedido de uniformização: STJ redefine jurisprudência para admissão

Relator do caso, ministro Sérgio Kukina explicou que o PUIL está inserido no microssistema dos juizados especiais federais, no qual o juízo de admissibilidade segue critérios semelhantes aos do STJ para a admissão de recursos especiais.

12/9/2023

Para estabelecer as balizas do cabimento do PUIL - pedido de uniformização de interpretação de lei federal, previsto no art. 14 da lei 10.259/01, a 1ª seção do STJ definiu como jurisprudência dominante da Corte não apenas as hipóteses relacionadas no art. 927, inciso III, do CPC, mas também os acórdãos proferidos em embargos de divergência e no julgamento de outros PUILs pelo tribunal superior.

Ao fixar o novo entendimento, a seção superou posicionamento definido anteriormente no PUIL 1.799, no qual o colegiado havia limitado o conceito de jurisprudência dominante aos precedentes firmados pelo STJ em IRDR instaurado nas ações originárias da corte, em IAC, em recursos repetitivos ou súmulas e, ainda, em julgamentos da Corte Especial.

Nos termos da lei 10.259/01, é cabível o pedido de uniformização quando houver divergência entre decisões de direito material proferidas por turmas recursais na interpretação de lei federal. O pedido deve ser decidido pela TNU quando estiver baseado em divergência de turmas de diferentes regiões ou for relativo à decisão que contraria súmula ou jurisprudência dominante do STJ. Se o entendimento da TNU divergir de súmula ou jurisprudência dominante do STJ, a corte poderá ser acionada para decidir.

O novo precedente da 1ª seção foi estabelecido em PUIL no qual a União contestou decisão da TNU, sob o fundamento de que o julgamento contrariou decisão da 2ª turma do STJ em AREsp, além de decisões monocráticas de ministros do mesmo colegiado.

1ª seção redefine conceito de jurisprudência dominante para admissão de pedido de uniformização.(Imagem: Freepik)

Embargos de divergência

O ministro Sérgio Kukina, relator, explicou que o PUIL está inserido no microssistema dos juizados especiais federais, no qual o juízo de admissibilidade segue critérios semelhantes aos do STJ para a admissão de recursos especiais. Considerando esse contexto, o relator votou pelo não conhecimento do pedido da União, pois não apontou claramente a norma federal que teria sido violada, nem os motivos dessa suposta violação, além de se basear essencialmente em fundamentos constitucionais.

Quanto à necessidade de que a decisão contestada no PUIL seja contrária a súmula ou à jurisprudência dominante do STJ, o relator encampou a posição defendida em voto-vista da ministra Regina Helena Costa, segundo a qual não seria possível limitar o conceito de jurisprudência dominante ao rol dos precedentes listados pelo artigo 927, inciso III, do CPC/2015 (IRDR, IAC e recursos repetitivos).

Para a ministra, a adoção dessa restrição impediria a TNU de analisar possível violação aos entendimentos firmados em embargos de divergência pelo STJ, bem como às teses fixadas pelo tribunal em pedidos de uniformização.

Seguindo essa posição, no caso dos autos, Sérgio Kukina concluiu que a União invocou acórdão que não se insere em nenhuma das modalidades consideradas como jurisprudência dominante do STJ, motivo pelo qual também não seria possível admitir o pedido de uniformização.

Leia a decisão.

Informações: STJ.

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