Migalhas Quentes

Juiz condena ex-assessor de Bolsonaro por gesto racista no Senado

A pena de prisão foi convertida em serviços comunitários e indenização.

18/12/2024

O ex-assessor internacional do ex-presidente Jair Bolsonaro, Filipe Martins, foi condenado pelo gesto associado à supremacia branca realizado durante sessão senatorial em 2021. O juiz David Wilson de Abreu Pardo, da 12ª vara Federal do Distrito Federal, proferiu a sentença que impôs a Martins uma pena de dois anos e quatro meses de prisão por incitação ao preconceito racial.

A pena, no entanto, foi substituída por prestação de 850 horas de serviço comunitário, pagamento de 14 parcelas mensais de R$ 1 mil a uma instituição social a ser designada pelo juiz, e indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 30 mil.

O gesto ocorreu durante uma sessão virtual do Senado, transmitida pela internet e pela TV Senado. De acordo com a investigação, Martins, que estava sentado atrás do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, simulou ajeitar a lapela do blazer e fez o gesto conhecido como "White Power", associado a um grupo racista que defende a supremacia branca.

Pena de Filipe Martins foi substituída por serviço comunitário e doação para instituição.(Imagem: Reprodução/TV Senado)

Na sentença, o juiz considerou que o gesto compromete o autorrespeito e a dignidade dos indivíduos.

"A realização do gesto pelo réu, com o significado gravoso da supremacia branca, nas complexas circunstâncias sempre lembradas, dissemina ataque não verbal a pessoas e grupos sociais historicamente vulnerabilizados no Brasil, fortalecendo a narrativa, contra essas pessoas e grupos sociais, de que eles não estão incluídos."

Em nota, a defesa de Filipe Martins declarou que a sentença representa um "ataque frontal" aos fundamentos "mais elementares do Direito Penal", argumentando que o magistrado não apresentou provas de qualquer intenção discriminatória.

"Se prevalecer tal entendimento, qualquer cidadão brasileiro poderá ser preso com base em interpretações fantasiosas de suas palavras ou até mesmo de seus gestos involuntários", afirmaram os advogados.

A defesa informou ainda que recorrerá da condenação. "Utilizaremos todos os meios nacionais e internacionais para fazer cessar o assédio judicial que tem sido empreendido contra Filipe Martins e recorreremos para que a justiça seja restabelecida, com o rigor técnico, a imparcialidade e o respeito à lei que o direito exige", completou a defesa.

Confira aqui a sentença.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Veja quem integrava “núcleo jurídico” do golpe de Estado, segundo a PF

8/2/2024
Migalhas Quentes

Bolsonaro pode ser investigado por fala racista: “criação de barata”

15/7/2021
Migalhas Quentes

União pagará R$ 15 mi por falas machistas de Bolsonaro e ministros

25/6/2021

Notícias Mais Lidas

TRF-1 autoriza mãe a sacar FGTS para tratamento de filho autista

2/12/2025

TRT da 2ª região inclui esposa de sócio em execução trabalhista

2/12/2025

CNJ lança base de dados de partes envolvidas em ações para uso de juízes

2/12/2025

Moraes diz que Judiciário virou alvo por ser “o mais forte do mundo”

2/12/2025

Comissão do Senado aprova aumento de tributação para bets e fintechs

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

Edição gênica e agronegócio: Desafios para patenteabilidade

3/12/2025

Abertura de empresas e a assinatura do contador: Blindagem ou burocracia?

3/12/2025

Como tornar o ambiente digital mais seguro para crianças?

3/12/2025

Recuperações judiciais em alta em 2025: Quando o mercado nos lembra que agir cedo é um ato de sabedoria

3/12/2025

Seguros de danos, responsabilidade civil e o papel das cooperativas no Brasil

3/12/2025