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Harvard rejeita exigências de Trump e tem recursos congelados

Para Harvard, a pressão representa uma tentativa de interferência política na autonomia universitária.

15/4/2025

A Universidade de Harvard se recusou a cumprir exigências do governo dos Estados Unidos e teve, como consequência, mais de US$ 2 bilhões em subsídios e contratos suspensos. A decisão foi tomada após a instituição considerar ilegais as condições impostas pela gestão de Donald Trump, como mudanças em políticas de inclusão, auditorias externas e restrições à liberdade acadêmica.

O Departamento de Educação norte-americano comunicou a suspensão dos repasses nesta segunda-feira, 14, afirmando que a universidade desrespeita leis de direitos civis e promove ambiente hostil a estudantes judeus. A medida marca uma escalada na pressão do governo Federal contra instituições de ensino que, segundo Trump, adotam políticas de diversidade ou seriam tolerantes com manifestações antissemitas.

Entre as exigências listadas pelo governo estavam o fim de programas de diversidade, equidade e inclusão (DEI); contratação de equipe externa para fiscalizar a “diversidade de pontos de vista” nos departamentos; denúncias obrigatórias de estudantes estrangeiros por violações de conduta; além de revisão nos critérios de admissão e contratação com base no mérito. Também foi incluída a proibição de máscaras, voltada a coibir protestos pró-Palestina, que o governo associa a antissemitismo.

Em nota, o reitor de Harvard, Alan Garber, declarou que as exigências ultrapassam os limites legais e violam a Primeira Emenda da Constituição americana, que garante liberdades de expressão e acadêmica. “Nenhum governo deve ditar o que universidades privadas podem ensinar ou quem podem admitir e contratar”, afirmou. Os advogados da universidade sustentam que a Casa Branca tenta impor uma agenda ideológica sem base legal e sem respeitar procedimentos formais, como notificação prévia ao Congresso.

"Nem Harvard, nem nenhuma universidade privada pode permitir que o governo federal a controle. Harvard não está disposta a aceitar exigências que vão além da autoridade legítima desta administração ou de qualquer outra."

A Universidade Harvard se recusou a cumprir exigências do governo dos Estados Unidos.(Imagem: Adobe Stock)

Harvard é a primeira entre as universidades da Ivy League a recusar formalmente as imposições do governo. Outras instituições, como Columbia, Princeton e Brown, também estão sob investigação ou já sofreram cortes em seus financiamentos. O congelamento de recursos já havia sido aplicado anteriormente à Universidade da Pensilvânia, e o governo avalia medidas semelhantes contra outras entidades.

A resposta de Harvard gerou manifestações de apoio por parte da comunidade acadêmica e de ex-alunos, além de um protesto realizado no fim de semana em Cambridge. Também foi ajuizada uma ação pela Associação Americana de Professores Universitários questionando a legalidade da suspensão dos repasses, sob argumento de que o governo não seguiu o devido processo legal.

Segundo o governo, o objetivo é combater práticas discriminatórias e promover a pluralidade ideológica nas instituições. Já para Harvard, a pressão representa uma tentativa de interferência política na autonomia universitária.

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