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TozziniFreire Advogados analisa impactos em sete anos de LGPD

Marco legal vem mudando a forma como empresas e órgãos públicos tratam dados pessoais, com mais regras, fiscalização e atenção à inteligência artificial.

12/8/2025

A LGPD completa sete anos no Brasil em um contexto em que a proteção de dados já impacta em vários aspectos os setores da economia, transformando a forma como dados pessoais são tratados.

Ao mesmo tempo, o marco estabeleceu uma nova era de governança, segurança e transparência no tratamento de informações pessoais. 

"Mais do que um instrumento normativo, a LGPD consolidou no Brasil um novo patamar de proteção à privacidade, influenciando diretamente as estratégias corporativas e a consciência da sociedade sobre o uso de dados pessoais", afirma Carla do Couto Hellu Battilana, sócia na área de Cybersecurity & Data Privacy do TozziniFreire Advogados

Desde que a LGPD foi publicada, tivemos diversas mudanças na forma como o tema da proteção de dados é visto no Brasil.

Dentre os marcos mais significativos nesses últimos sete anos, está a EC 115/22, que reconheceu a proteção de dados pessoais como direito fundamental, ao lado de garantias como a liberdade de expressão e a dignidade humana.

"Esse reconhecimento trouxe mais segurança jurídica para cidadãos e empresas, além de blindar a legislação contra retrocessos", explica Battilana. 

Outro avanço foi o amadurecimento na aplicação do legítimo interesse como base legal para o tratamento de dados, que passou a contar com esclarecimentos adicionais no Guia publicado pela ANPD. "Ao estabelecer parâmetros mais claros, a ANPD contribuiu para equilibrar a necessidade das empresas com a preservação dos direitos dos titulares", disse Battilana. 

A regulação da transferência internacional de dados marcou outro passo importante. A resolução CD/ANPD 19/24 estabeleceu regras específicas para cláusulas contratuais padrão e medidas técnicas de segurança. "Hoje, as empresas contam com uma série de regras para garantir que os dados permaneçam protegidos, independentemente do país de destino", enfatiza Battilana.

LGPD completa sete anos e transforma cenário do tratamento de dados pessoais no Brasil.(Imagem: Freepik)

Segundo Battilana, a fiscalização e aplicação de sanções pela ANPD se tornaram mais frequentes e estruturadas, sobretudo após a resolução CD/ANPD 4/23, que definiu critérios para dosimetria das penalidades. "A presença mais ativa da autoridade está elevando a maturidade das organizações e a efetividade da lei".

A publicação do enunciado CD/ANPD 1/23 flexibilizou a exigência de consentimento como base legal para o tratamento de dados de crianças e adolescentes, desde que respeitado o princípio do melhor interesse do menor. "A mudança não reduz a proteção, mas oferece alternativas legítimas para casos em que o consentimento não seja o caminho mais adequado", diz Battilana.

No campo da tecnologia, a ANPD tem ganhado protagonismo nas discussões sobre inteligência artificial, ao lançar um sandbox regulatório e participar ativamente dos debates do PL 2.338/23, que pode torná-la a coordenadora nacional de governança de IA. "A interseção entre IA e proteção de dados é inevitável e exige atenção redobrada para que a inovação caminhe lado a lado com a segurança e a privacidade", avalia Battilana.

Com os avanços na proteção de dados, aumenta no país a conscientização sobre riscos cibernéticos e a importância do reporte de incidentes, medida fundamental para mitigar danos. A resolução CD/ANPD 1/24 também ajudou ao estabelecer os protocolos claros para que as empresas possam comunicar ocorrências à autoridade e aos titulares dos dados.  

"Olhar para o futuro da LGPD significa acompanhar tendências como o avanço da inteligência artificial, a integração de padrões internacionais de proteção de dados e a sofisticação das ameaças cibernéticas. Um cenário em constante evolução que exige atualização e comprometimento de todos os agentes envolvidos", enfatiza Battilana.

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