Migalhas Quentes

Solidariedade questiona no STF impeachment de ministros

O partido sustenta que trechos da lei 1.079/50 não foram recepcionados pela Constituição de 1988 e que, portanto, não são compatíveis com o atual ordenamento jurídico.

18/9/2025

Assim como a AMB - Associação dos Magistrados Brasileiros, o partido Solidariedade ajuizou no STF uma ADPF contra dispositivos da lei do impeachment (lei 1.079/50) que disciplinam o afastamento de ministros da Corte. A ação foi distribuída ao ministro Gilmar Mendes, decano do Tribunal.

Tão logo recebeu as duas ações, Gilmar deu seguimento aos trâmites processuais previstos em lei: solicitou informações ao Congresso Nacional e à presidência da República e abriu prazo de cinco dias para manifestação da PGR e da AGU.

O Solidariedade sustenta que trechos da lei 1.079/50 não foram recepcionados pela Constituição de 1988 e que, portanto, não são compatíveis com o atual ordenamento jurídico. O ponto central da ação é o quórum necessário para o início de um processo de impeachment. Pela lei, pedidos contra ministros do STF podem ser admitidos por maioria simples do Senado. Assim, bastaria a presença mínima de 41 senadores e o apoio de 21 deles para afastar preventivamente um ministro.

Gilmar Mendes foi designado relator das ações.(Imagem: Gustavo Moreno/STF)

Para o partido, esse modelo enfraquece a independência da Suprema Corte. “Quando se admite que apenas 21 senadores, correspondentes a 25,9% da Casa Legislativa, afastem um ministro do STF, fragiliza-se, sobremaneira, a independência que a Corte Suprema precisaria ter, como órgão máximo do Poder Judiciário responsável pela guarda da Constituição”, afirma a petição.

A legenda argumenta ainda que o atual quórum é inferior ao exigido para aprovar a nomeação de um ministro ao STF, que depende de maioria absoluta. Na avaliação do partido, isso cria um paradoxo institucional e viola garantias da magistratura como vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios.

Outro ponto questionado é a legitimidade para oferecer denúncia. Hoje, qualquer cidadão pode apresentar pedido de impeachment ao Congresso. O Solidariedade entende que a prerrogativa deveria ser exclusiva do procurador-Geral da República, em razão da gravidade do afastamento de um ministro da Suprema Corte.

Na petição, o partido também ressalta o papel contramajoritário do STF. Para os autores, a Corte frequentemente atua contra “decisões ocasionais das maiorias políticas de plantão”, o que reforça a necessidade de proteção institucional contra pressões circunstanciais do Legislativo.

Leia a petição inicial e o despacho do ministro.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

AMB questiona quórum para impeachment de ministros do STF

17/9/2025
Migalhas Quentes

Impeachment de Moraes será pauta prioritária no Senado, anuncia oposição

21/7/2025
Migalhas Quentes

Senadores pedem impeachment de Cármen Lúcia; veja se medida é possível

18/7/2025
Migalhas Quentes

Davi nega impeachment de ministros do STF: "já temos muitos problemas"

28/2/2025

Notícias Mais Lidas

STF derruba cotas que favoreciam alunos locais no ensino superior

2/12/2025

Morre Ary Oswaldo Mattos Filho

2/12/2025

STJ cancela sessões em razão do velório da ministra Assusete Magalhães

2/12/2025

STF: Partido questiona regras que reduzem dever de indenizar de aéreas

2/12/2025

Marcio Garcia terá de responder por dívida de aluguel de R$ 1,5 milhão

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

Autonomia patrimonial e seus limites: A desconsideração da personalidade jurídica nas holdings familiares

2/12/2025

Pirataria de sementes e o desafio da proteção tecnológica

2/12/2025

Você acha que é gordura? Pode ser lipedema - e não é estético

2/12/2025

Tem alguém assistindo? O que o relatório anual da Netflix mostra sobre comportamento da audiência para a comunicação jurídica

2/12/2025

Frankenstein - o que a ficção revela sobre a Bioética

2/12/2025