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Relato

Advogado do Pinheiro Neto faz relato impressionante das agruras pelas quais passou para vencer o coronavírus

Sócio da festejada banca, Marcelo Moura está internado na UTI do Hospital Copa Star, desde o dia 13 de março.

Da Redação

quinta-feira, 2 de abril de 2020

Atualizado às 12:06

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O advogado Marcelo Moura, sócio do Pinheiro Neto Advogados no Rio, está internado na UTI do Hospital Copa Star, desde o dia 13 de março com a covid-19. Veja o relato do advogado sobre este delicado momento: 

"Estou internado na UTI do Hospital Copa Star, desde o dia 13 de março, com o Covid-19. Nessa segunda (31/03), foi um dia de festa aqui: finalmente testei negativo ao vírus, o que significa que eu preciso apenas tentar reduzir o nada desprezível dano que o coronavírus causou ao meu organismo, me fortalecer (quem me conhece sabe que a última coisa que eu precisava era me fortalecer!) para poder sair daqui. Eu tomei remédio para malária, AIDS, cortisona, remédios para doenças autoimunes, antibióticos fortíssimos. Ainda assim, em vários momentos (soube depois), muitos acharam que eu não resistiria. Tive dias de muita desesperança.

Esse vírus é traiçoeiro, e a verdade é que ninguém conhece ainda direito a doença. Existem pessoas, como a Ana, minha mulher, que passam por ela com sintomas leves e se recuperam logo. Em outras, o sistema imunológico não consegue defender o organismo da infecção e começa, ele próprio, a atacar o organismo que deveria defender. Foi o que aconteceu comigo. Existem discussões sobre ser uma questão genética (no sul da Itália, a infecção não foi tão grave quanto no norte, assim como no Japão, em relação à China), mas o fato é que têm organismos que levam esse vírus como uma "gripezinha" e outros, não. No meu caso, eu era absolutamente saudável, nenhuma condição preexistente, 55 anos, nunca fumei, enfim, não estava dentro do chamado grupo de risco, e quase morri.

Eu tive a bênção e o imenso privilégio de ter tido acesso ao médico João Pantoja (superintendente da Rede D'Or) e equipe, um dos melhores do País, que foi um guerreiro. Ele nunca desistiu de lutar, de trazer um novo tratamento, de buscar uma nova estratégia, participando de conference calls diárias com vários profissionais, para discutir a evolução do meu caso. Pude estar em um hospital de ponta, com os melhores equipamentos, cuidados de primeira, os melhores e mais modernos medicamentos e, ainda assim, eu estive em uma situação limítrofe.

Não quero nem pensar o que pode estar acontecendo neste Brasilzão de meu Deus, sem testes, com diagnósticos errados, sem acesso a todos esses cuidados e medicamentos, com médicos e enfermeiros exaustos, sem equipamento apropriado e com medo, eles próprios, de se contaminarem. Vale aqui ressaltar o imenso sacrifício que esses profissionais de saúde estão fazendo, arriscando a própria vida para tentar salvar os demais. São verdadeiros heróis e merecem todo o nosso respeito e admiração. Enfim, de tudo isso que me aconteceu, dois motivos me fizeram aceitar a escrever este depoimento.

Em primeiro lugar, pedir a todos que não menosprezem esse vírus: ele é real, altamente contagioso e mortal. Achar que não vai acontecer com você (como eu achava, afinal estava fora dos chamados grupos de risco) não vai imunizá-lo, acredite. O isolamento social é fundamental; sem ele, os sistemas de saúde vão colapsar. Não há teste, máscara, luva, respirador, oxigênio, leito de UTI que aguentem um número crescente em progressão geométrica de doentes. 

Sem esses cuidados, o número de mortes sobe. Para você ter uma ideia, saiu um estudo no Reino Unido de que 50% das pessoas que entram na UTI com Covid-19 morrem. É disso que estamos falando. E se não houver a UTI, esse número vai subir significativamente. Cada doente ocupa um leito de UTI por duas semanas. Não é difícil entender a absoluta necessidade do isolamento social para tentar reduzir a curva de contágio e permitir que a infraestrutura se ajuste a essa nova realidade, dentro do possível.

Em segundo lugar, eu aceitei escrever este depoimento para agradecer. Eu, hoje, só quero agradecer. Agradecer a Deus e a Na. Sra. de Lourdes (depois que uma amiga mandou uma água benta de Lourdes e eu tomei, só tive notícias positivas), agradecer ao Dr. Pantoja e toda a equipe, agradecer a minha mulher, que foi uma leoa, aos meus filhos, aos meus irmãos e, principalmente, agradecer a uma legião de amigos queridos que inundaram a mim e a minha família com amor, amizade, carinho, orações, preces, pensamentos positivos, empatia e solidariedade. A força dessa corrente foi muito importante para o meu restabelecimento, tenho certeza. Obrigado mesmo a todos e a cada um de vocês. 

Enfim, estou feliz porque vou passar a Páscoa, o renascimento, com a minha família, em casa, celebrando a vida e o imenso amor que nos une. Como eu disse, só posso agradecer, sempre!"

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