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Advocacia é coisa de gente séria!

Não é desconhecido de ninguém que a profissão de advogado tem sido relegada ao segundo plano ultimamente. O mercado de trabalho é cada vez mais voraz – o que se dá também em vista do exagerado número de faculdades de direito atualmente existente.

14/10/2005


Advocacia é coisa de gente séria!


Gustavo Ramiro Costa Neto*


Não é desconhecido de ninguém que a profissão de advogado tem sido relegada ao segundo plano ultimamente. O mercado de trabalho é cada vez mais voraz – o que se dá também em vista do exagerado número de faculdades de direito atualmente existente.


De outro lado, tem-se ainda que tão honroso ofício é visto pela sociedade de uma forma desvirtuada. Nos últimos tempos uma crise de moralidade desalenta a classe, em que pese ser ela decorrente da conduta de um minoritário punhado de pessoas pervertidas pelo poder.


Como uma das várias conseqüências, tem-se que profissionais extremamente preparados, e potencialmente capazes de se revelarem valorosos advogados, enveredam-se pela carreira do funcionalismo público. Não há, atualmente, horizontes atrativos na profissão. Inexistem grandes vantagens em ser advogado no momento presente.


Plenamente conscientes e com os olhos abertos a constatar dito estado de coisas, é que um grupo de jovens profissionais do direito deu início a um movimento pela moralização da advocacia em Pernambuco. Alguns meses de reuniões e debates sobre o tema foram suficientes para fazer surgir a ADAC – Associação em Defesa da Advocacia e da Cidadania. O fundamental propósito é a defesa das prerrogativas dos advogados, com o conseqüente resguardo das garantias conferidas aos cidadãos em um Estado que se pretende democrático de direito.


Quem conhece as entranhas da profissão percebe que o advogado é diariamente violado em seus direitos. Leis como a de nº 8.906/94 (estatuto da advocacia) são tratadas como se inexistentes. Até as demais figuras integrantes do meio jurídico, igualmente indispensáveis à administração da justiça, põem-se em nível hierárquico superior, apesar de inexistir subordinação entre advogados, magistrados e membros do ministério público.

Em suma, a consideração e o respeito recíprocos decorrem de inolvidável imperativo legal.


Mas fica a dúvida: como poderá o causídico invocar a legislação que o protege se nem ele mesmo lhe dá cumprimento?


Ante o acometimento que macula a profissão, também outras classes profissionais não se acanham em desferir assacadilhas contra os advogados, que em certos momentos se sentem desamparados, já que nem mesmo os seus iguais se insurgem contra os labéus que a cada dia se mostram mais evidentes.


É neste ambiente que surge a ADAC.


Respeito ao direito dos advogados e severidade na repreensão daqueles que transgridem os limites legais estabelecidos: eis o que busca a novel Associação.


O exercício de cidadania é inadiável. A gravidade das situações que se verificam no cotidiano dos advogados é a medida de atuação da ADAC. Quanto mais desrespeito, mais indignação; quanto mais indignação, mais atitude, mais repressão.


Premente e necessária é a atuação conjunta. Unidos, os advogados têm ainda mais força. Com isso, tem-se que será possível tornar regra constante o respeito à profissão e às prerrogativas a ela inerentes.


A ADAC nasce, portanto, em favor de praticar aquilo que defende: a aplicação austera da lei em defesa da advocacia e da cidadania, sem deixar de lado as regras morais que devem nortear a totalidade das relações humanas. Toda a sociedade pode contribuir. Afinal a cooperação com o aprimoramento das instituições democráticas é um dever de todo cidadão.
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*Sócio fundador da ADAC – Associação em Defesa da Advocacia e da Cidadania




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