Migalhas de Peso

O mercado jurídico, a crise e a zona de conforto

Em tempos de crise política e econômica no Brasil, o mercado jurídico também tem sido afetado. Mas é em situações adversas que os melhores profissionais se destacam.

12/9/2015

Em tempos de crise política e econômica no Brasil, o mercado jurídico, assim como todos os outros, também tem sido afetado. É um problema que não dá para fugir e a única saída que temos é enfrentá-lo.

Parafraseando Abílio Diniz, "esta não é de longe a pior crise que o país já encarou, nem de perto". A crise, de fato, não é uma "marolinha", como certa vez disse o ex-presidente Lula; mas também não chega perto de inúmeras outras que o Brasil já enfrentou e venceu (me desculpem os pessimistas de plantão).

Observando o mercado jurídico, nota-se claramente uma queda de faturamento nas principais bancas nacionais. Ajustes e readequações de estratégia estão sendo feitos, visando equilibrar as finanças e manter os empregos. A realidade é que os grandes escritórios nunca precisaram "equilibrar as finanças". Ao menos nos últimos 10 anos, sempre houve mais faturamento do que despesas. Quando um ano não era satisfatório, o anterior/posterior equilibrava a balança.

Esta nova situação tem causado inquietações em todos funcionários, tanto do jurídico, quanto do administrativo. Eu desafio o leitor deste artigo a me apontar um, apenas um escritório de advocacia, que demitiu mais de 10% do corpo de profissionais em 2015 e que o motivo tenha sido apenas a crise atual. Não tem!

Os profissionais que vêm sendo demitidos, foram por um único motivo: a zona de conforto. É fácil encontrar profissionais com medo de perder o emprego e, na mesma proporção, é difícil encontrar pessoas que saíram de suas zonas de conforto para atuar com empenho e dedicação no desenvolvimento do escritório. Uma banca jamais dispensará este tipo de profissional.

Em tempos de crise, é preciso buscar melhorias nas atividades desenvolvidas e "vestir a camisa" da empresa mais do que nunca.  Todo e qualquer avanço é importante, de alguma maneira, para o escritório; seja este avanço feito por um profissional do departamento jurídico ou do administrativo.

A zona de conforto age em todos os níveis e independe de tempo de empresa. Um profissional pode ser acomodado por diversos motivos, como por exemplo, ter um excelente currículo, a conta de um cliente importante, a confiança dos donos, muito tempo de vínculo empregatício, relacionamento pessoal, influência familiar ou política, enfim, pode atingir qualquer profissional.

São em situações adversas que os melhores profissionais se destacam. O medo de perder o emprego não pode (e não deve) ser maior do que o desejo de se mostrar indispensável. Depende apenas de você!

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*Flávio Leal é Head of Marketing do escritório Mattos Muriel Kestener Advogados.

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