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Personalidade jurídica para robôs humanoides: Direitos e deveres

Explore os desafios éticos e jurídicos da concessão de personalidade jurídica a robôs humanoides e seus impactos na sociedade.

17/1/2025

A integração de robôs humanoides na sociedade tem avançado rapidamente, com aplicações que vão desde assistência pessoal até serviços médicos e educacionais. No entanto, a convivência com essas máquinas inteligentes e autônomas levanta questões profundas sobre ética, Direito e filosofia. Uma das discussões mais controversas é a possibilidade de conceder personalidade jurídica a robôs humanoides, o que implicaria em direitos e deveres específicos para essas entidades.

Em 2023, a União Europeia propôs a criação de um status jurídico especial para robôs autônomos, chamado de "pessoa eletrônica", o que gerou intenso debate sobre os limites e as implicações de tal reconhecimento1. Este artigo propõe uma análise crítica sobre a concessão de personalidade jurídica a robôs humanoides, explorando os desafios éticos, jurídicos e sociais dessa prática e sugerindo caminhos para uma regulamentação equilibrada.

1. Robôs humanoides: Definição e contexto

Robôs humanoides são máquinas autônomas projetadas para imitar a aparência e o comportamento humanos. Eles são equipados com sistemas de IA - Inteligência Artificial que permitem interações complexas e tomadas de decisão independentes. A integração desses robôs na sociedade levanta questões sobre sua natureza jurídica e moral.

Segundo o filósofo Luciano Floridi, em The Ethics of Information (2013), a personalidade jurídica de entidades não humanas deve ser considerada com base em sua capacidade de agir de forma autônoma e de impactar significativamente a vida humana2.

2. Argumentos a favor da personalidade jurídica para robôs humanoides

A concessão de personalidade jurídica a robôs humanoides pode trazer benefícios significativos:

3. Riscos e desafios da personalidade jurídica para robôs humanoides

A concessão de personalidade jurídica a robôs humanoides também apresenta riscos e desafios:

4. Regulamentação e soluções práticas

Para mitigar os riscos e maximizar os benefícios da personalidade jurídica para robôs humanoides, é essencial desenvolver frameworks legais que promovam a transparência, a responsabilidade e a proteção dos direitos humanos. O PL 2.338/23, aprovado pelo Senado, oferece uma base para a regulamentação da IA no Brasil, mas é necessário avançar na criação de normas específicas para robôs humanoides.

Como soluções práticas, propõe-se:

Conclusão

A concessão de personalidade jurídica a robôs humanoides representa uma fronteira ética e jurídica complexa. Embora ofereça benefícios significativos, como a responsabilização civil e a proteção de direitos, também apresenta riscos graves, como a diluição da responsabilidade humana e o impacto no mercado de trabalho.

Como soluções práticas, propõe-se a criação de normas específicas para a responsabilização civil, a proteção de direitos e a fiscalização do uso de robôs humanoides. O futuro da regulamentação da personalidade jurídica para robôs dependerá de nossa capacidade de equilibrar a inovação tecnológica com a proteção dos direitos humanos fundamentais.

_________________

1 União Europeia. Debate sobre Personalidade Jurídica de Robôs Autônomos. 2023.

2 FLORIDI, Luciano. The Ethics of Information. Oxford University Press, 2013.

3 Caso de Robô Humanoide na Alemanha. Journal of Autonomous Systems, 2021.

4 HILDEBRANDT, Mireille. Law for Computer Scientists and Other Folk. Oxford University Press, 2020.

5 Organização Internacional do Trabalho (OIT). Impacto da Automação no Mercado de Trabalho. 2022.

6 SEARLE, John. Minds, Brains, and Programs. Behavioral and Brain Sciences, 1980.

Jamille Porto Rodrigues
Advogada e Professora de Direito Digital, Inteligência Artificial e Novas tecnologias aplicada ao Direito e Marketing Jurídico.

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