Você está pagando parcelas altíssimas no seu financiamento e descobriu que outro banco oferece uma taxa menor?
A boa notícia é que você pode transferir o financiamento para outra instituição financeira — e isso tem nome: portabilidade.
Muitos consumidores não sabem, mas a portabilidade bancária é um direito garantido por lei, inclusive em financiamentos imobiliários, veículos e empréstimos pessoais.
Ela pode trazer redução significativa nos custos, desde que seja feita com atenção aos detalhes.
Neste artigo, vamos explicar tudo o que você precisa saber: como funciona a portabilidade de financiamento, quando vale a pena mudar de banco, o passo a passo da transferência, direitos do consumidor, riscos envolvidos e como um advogado pode te ajudar a evitar armadilhas.
Se você encontrou uma proposta melhor em outro banco, não precisa continuar pagando mais caro.
A portabilidade de financiamento é um direito seu — e com o suporte certo, pode ser feita de forma rápida e segura.
O que é a portabilidade de financiamento?
A portabilidade de financiamento é o direito que o consumidor tem de transferir seu contrato de financiamento de um banco para outro, com o objetivo de obter melhores condições — como redução da taxa de juros, mudança no prazo, ou melhor atendimento.
Esse direito está previsto na resolução 4.292 do Banco Central do Brasil, de 2013, e vale para diferentes tipos de contrato: crédito pessoal, crédito consignado, financiamento de veículos e imóveis.
Posso mudar meu financiamento para outro banco em qualquer momento?
Sim. Você pode solicitar a portabilidade a qualquer momento do contrato.
Não existe prazo mínimo exigido pela legislação.
O que pode acontecer é o banco atual tentar dificultar ou propor uma contraproposta de renegociação para manter você como cliente — e você pode aceitar ou recusar, conforme sua conveniência.
Quais financiamentos podem ser transferidos?
A portabilidade é possível para diversos tipos de financiamento.
Veja os principais:
Financiamento imobiliário
Pode ser transferido mesmo com uso do FGTS, desde que a nova instituição aceite.
Financiamento de veículos
Também é possível fazer a portabilidade, mas a nova instituição fará uma análise de risco.
Empréstimos pessoais e consignados
Sujeito a regras específicas, principalmente no consignado, em que o desconto é direto na folha.
Crédito empresarial
Algumas instituições já permitem a portabilidade em linhas de crédito para pequenas empresas.
Como funciona a portabilidade na prática?
Veja o passo a passo básico da portabilidade de financiamento:
1. Solicite o saldo devedor ao seu banco atual
Você tem direito a receber, em até um dia útil, informações completas sobre o seu financiamento, incluindo saldo, CET - Custo Efetivo Total e condições atuais.
2. Negocie com outros bancos
Compare propostas e veja qual oferece menor taxa de juros, melhor prazo ou menos encargos.
3. Formalize o pedido no novo banco
O novo banco solicita à instituição de origem o saldo devedor, faz a análise de crédito e elabora uma nova proposta.
4. O banco atual pode fazer uma contraproposta
Você não é obrigado a aceitar.
Se preferir seguir com a portabilidade, o banco atual deve liberar os documentos para efetivação da operação.
5. Assinatura do novo contrato e liquidação
O novo banco paga o saldo devedor ao banco original, e o contrato é transferido para a nova instituição, com nova numeração e novos termos.
Quais são as vantagens de mudar meu financiamento de banco?
A portabilidade pode trazer diversos benefícios para o consumidor:
- Redução da taxa de juros;
- Diminuição do valor da parcela mensal;
- Melhor atendimento e suporte da nova instituição;
- Mais transparência na cobrança de tarifas;
- Possibilidade de alongar ou reduzir o prazo do financiamento.
Além disso, você não paga IOF novamente, e não há custos extras cobrados pelo banco de origem pela transferência.
Quais são os cuidados essenciais antes de fazer a transferência?
Embora vantajosa, a portabilidade exige atenção:
Verifique o CET
O Custo Efetivo Total inclui juros, tarifas, seguros obrigatórios e outros encargos.
Um banco pode oferecer juros menores, mas embutir taxas elevadas.
Avalie o novo contrato com calma
Leia cada cláusula e, se possível, conte com ajuda de um advogado para revisar os termos.
Confira se há cobrança indevida
O banco de origem não pode cobrar tarifa de portabilidade, nem impor obstáculos sem justificativa.
Compare o valor final do financiamento
Uma parcela menor pode parecer atrativa, mas um prazo mais longo pode significar pagar mais no total.
O banco pode recusar a portabilidade do meu financiamento?
Não. O banco original é obrigado a aceitar a portabilidade, desde que seja feita de acordo com as normas do Banco Central.
O que ele pode fazer é uma contraproposta, ou seja, oferecer melhores condições para manter o cliente.
No entanto, a decisão final é sua, e o banco não pode impedir a transferência se você recusar a renegociação.
O que fazer se o banco dificultar a portabilidade?
Infelizmente, muitos bancos tentam burlar a portabilidade por meio de:
- Atraso na entrega do saldo devedor;
- Recusa em liberar o contrato;
- Tentativa de convencimento com informações falsas;
- Complicação documental.
Nesses casos, você deve:
- Registrar reclamação na ouvidoria do banco;
- Fazer denúncia no Banco Central;
- Registrar queixa no Procon ou Consumidor.gov.br;
- Buscar apoio jurídico especializado.
A legislação protege o consumidor contra esse tipo de comportamento, e o banco pode ser responsabilizado judicialmente por impedir a portabilidade.
Como um advogado especialista pode te ajudar?
Um advogado especializado em contratos bancários pode:
- Revisar o contrato original e o novo contrato;
- Verificar cláusulas abusivas e taxas ilegais;
- Notificar o banco formalmente em caso de recusa ou demora;
- Ajuizar ação judicial por descumprimento do direito à portabilidade;
- Solicitar indenização por dano moral ou material, se for o caso.
Além disso, se a portabilidade tiver sido negada injustamente, é possível ingressar com ação para obrigar a transferência e exigir reparação dos prejuízos.
Não aceite parcelas injustas!