Migalhas de Peso

Blindagem inteligente: Seguros RC profissional, cyber e D&O no futuro da advocacia

Seguros RC profissional, cyber e D&O são essenciais para proteger escritórios de advocacia e garantir a continuidade diante dos riscos modernos. Descubra como blindar o seu escritório!

11/6/2025

Você blindaria seu escritório com portas de aço, mas deixaria as janelas escancaradas? Num mundo onde confiança e reputação jurídica têm valor inestimável, gerir riscos tornou-se a nova fronteira de sobrevivência para escritórios de advocacia. Não basta excelência técnica - é preciso garantir que o patrimônio, a carreira e a própria marca do escritório estejam protegidas de riscos invisíveis, inesperados e devastadores. E é aí que seguros inteligentes, desenhados sob medida para a advocacia, entram em cena como aliados estratégicos e, muitas vezes, a diferença entre continuidade e ruína.

Por que os seguros deixaram de ser “opcionais” para a advocacia?

A advocacia brasileira nunca esteve tão exposta. A multiplicidade de especializações, o rigor dos prazos processuais, a pressão por resultados e o avanço das normas de proteção de dados criaram um ecossistema onde a margem para o erro humano - ou para o acidente digital - é mínima.

Dados recentes apontam:

O custo de um único evento pode ser catastrófico - indo de indenizações milionárias à perda de licenças, fuga de clientes ou liquidação do próprio escritório.

Os três pilares da blindagem jurídica:

1. RC Profissional (E&O) - Segurança contra erros e omissões

O seguro de Responsabilidade Civil Profissional, também conhecido como E&O - Errors and Omissions, cobre prejuízos causados a terceiros em razão de falhas técnicas, omissões ou erros profissionais cometidos por advogados e estagiários.

Exemplos frequentes cobertos:

Por que é fundamental?

A maioria dos escritórios subestima a frequência dos chamados “sinistros silenciosos”: pequenos erros que, se judicializados, podem custar caro. Um estudo do IRB Brasil aponta que mais de 40% dos escritórios de médio porte já sofreram ao menos um processo de responsabilidade civil nos últimos 3 anos. (IRB Brasil RE, 2023).

2. Cyber - Um firewall financeiro contra-ataques digitais

Advogar sem seguro cyber é o mesmo que trafegar em alta velocidade sem cinto. A LGPD ampliou a exigência para que escritórios cuidem proativamente das informações de seus clientes, sob risco de sanções, perda de contratos e, claro, grandes processos de reparação.

O que geralmente cobre:

Dado alarmante: Apenas 23% dos escritórios brasileiros possuem um Programa de Gestão de Crises Digitais (KPMG Brasil, 2024).  Destes, menos da metade conta com algum tipo de cobertura securitária adequada.

3. D&O - Proteção pessoal para quem decide

O seguro D&O protege gestores, sócios e administradores contra eventuais processos que responsabilizem a gestão do escritório por danos a terceiros, sócios ou fornecedores.

Abrangência:  Defesa em processos civis, administrativos e tributários.

Danos causados por decisões de gestão (contratações, demissões, questões fiscais).

Cobertura extensiva a casos de má administração, muitos deles comuns em escritórios de rápido crescimento ou fusão.

Por que tantos ignoram?

Existe um mito de que “bastam estatutos bem redigidos”. Mas, na prática, tribunais vêm responsabilizando gestores e até sócios minoritários em casos de decisões que contrariem o dever fiduciário ou causem prejuízos a terceiros – inclusive familiares de ex-clientes processados. (STJ, 2022-2023)

Por que corretoras especializadas são o “escritório de advocacia do seguro”?

Assim como ninguém procura um tributarista para cuidar de um inventário delicado, contratar seguros de responsabilidade civil exige conhecimento de nuances jurídicas e experiência com sinistros.

Diferença crucial:

Corretoras generalistas: Oferecem produtos de prateleira, muitas vezes sem compreender particularidades contratuais do universo jurídico.

Corretoras especializadas: Entendem tipos de riscos, exclusões, interpretações jurisprudenciais e, acima de tudo, acompanham pessoalmente o escritório na hora da regulação do sinistro.

“Uma das grandes frustrações do mercado é o advogado que investiu anos para construir o escritório, contrata um seguro qualquer, mas ao acionar a apólice recebe uma negativa baseada em vícios técnicos facilmente evitáveis numa boa contratação especializada.”

Sua blindagem depende, muitas vezes, do preparo e experiência da corretora escolhida.

Considerações finais: Proteção é estratégia, não despesa

O futuro dos escritórios pertencerá àqueles que enxergam gestão de riscos como pilar estratégico, não como formalidade burocrática. Blindar-se é libertar-se para inovar, crescer e proteger não só ativos tangíveis, mas sobretudo o ativo mais valioso: a confiança do cliente.

Procure especialistas. Faça perguntas críticas. Exija experiência em regulação de sinistros, conhecimento das particularidades jurídicas e histórico comprovado em resolução de casos reais. Seu escritório - e seu futuro - agradecem essa decisão inteligente.

________

OAB Nacional – Estatísticas de 2024.

Fenalaw Group. Pesquisa “Riscos na Advocacia”, 2024.

PwC Brasil. Relatório de Cibersegurança, edição 2024.

FENACOR – Anuário Setorial de Seguros Corporativos, 2024.

IRB Brasil RE. Relatório “Gestão de Riscos Profissionais”, 2023.

Cyber Security Report, KPMG Brasil, 2024.

STJ – Decisões envolvendo responsabilidade de sócios e administradores, 2022–2023.

André Oliveira de Albuquerque
Sócio da Kampar Seguros, com mais de 20 anos de experiência em seguros financeiros, atendendo escritórios de advocacia no Brasil. Formado em Administração de Empresas e com MBA em Gestão de Riscos.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Artigos Mais Lidos

Abertura de empresas e a assinatura do contador: Blindagem ou burocracia?

3/12/2025

Como tornar o ambiente digital mais seguro para crianças?

3/12/2025

Recuperações judiciais em alta em 2025: Quando o mercado nos lembra que agir cedo é um ato de sabedoria

3/12/2025

Seguros de danos, responsabilidade civil e o papel das cooperativas no Brasil

3/12/2025

ADPF do aborto - O poder de legislar é exclusivamente do Congresso Nacional

2/12/2025