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Transparência e governança em associações: O que o estatuto deve prever

Associações fortes têm estatutos claros e bem estruturados. Governança e transparência garantem confiança, atraem parceiros, investidores e evitam conflitos na gestão e na sucessão de dirigentes.

11/11/2025

Associações são formadas por pessoas que compartilham o mesmo propósito - seja representar uma categoria, promover uma causa ou desenvolver um setor inteiro. Mas, para que uma associação se mantenha forte e relevante ao longo do tempo, não basta ter boas intenções: é preciso ter regras claras de governança.

Transparência, prestação de contas, divisão de responsabilidades e processos de decisão bem definidos são o que garantem confiança e credibilidade. É isso que atrai novos associados, mantém os atuais engajados e abre portas para parcerias com empresas e instituições públicas.

E o coração dessa estrutura é o estatuto social, o documento que funciona como a “Constituição” da associação. É nele que se define como as decisões são tomadas, quem responde pela entidade e como o dinheiro é administrado.

Muitas associações funcionam com estatutos antigos, genéricos ou copiados de outros modelos. O resultado é uma estrutura confusa, na qual não fica claro quem decide o quê, como se prestam contas, quando se faz assembleia, quem pode representar a associação e como se evitam conflitos de interesse.

Sem essas regras, a governança se fragiliza e surgem problemas como:

O problema não está apenas em cumprir a lei - está em criar um ambiente de confiança e continuidade institucional.

Imagine uma associação que cresce, conquista espaço e atrai novos parceiros. Mas, quando chega o momento de prestar contas ou trocar a diretoria, ninguém sabe ao certo quem pode assinar, aprovar ou deliberar. As decisões ficam travadas, os projetos paralisam e os associados começam a se afastar.

Agora pense em outra situação: uma associação que, por falta de regras de transparência, perde o apoio de um grande patrocinador porque não conseguiu comprovar de forma clara o uso dos recursos.

Esses exemplos são mais comuns do que parecem - e mostram que a falta de governança não destrói apenas a imagem, mas a própria continuidade da entidade.

A boa notícia é que é totalmente possível estruturar uma governança sólida e transparente. Tudo começa com um estatuto social bem elaborado, que sirva como ferramenta de gestão - e não apenas um documento formal.

Alguns pontos essenciais que o estatuto deve prever:

1. Estrutura de governança

2. Prestação de contas e transparência

3. Tomada de decisão e conflitos de interesse

4. Sustentabilidade e planejamento

5. Cultura de transparência

Uma associação transparente é uma associação forte. Quando o estatuto reflete boas práticas de governança, ele se torna o maior instrumento de estabilidade e credibilidade da entidade.

Mais do que cumprir a lei, trata-se de construir uma cultura de confiança - entre dirigentes, associados e parceiros. Afinal, no terceiro setor, a transparência não é apenas um valor: é a base sobre a qual se sustenta o impacto social.

Caroline Vaz de Melo Mattos Abreu
Caroline Vaz de Melo é especializada em direito empresarial, fundadora do escritório Vaz de Melo Advocacia Empresarial, assessora empresas digitais e associações sem fins lucrativos.

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