Migalhas Quentes

Júri de Suzane e Cravinhos é adiado após manobras jurídicas legais

6/6/2006


Caso Richthofen


Júri de Suzane e Cravinhos é adiado após manobras jurídicas legais


Manobras jurídicas – legais - dos advogados da ex-estudante de direito Suzane Louise von Richthofen, 22, e dos defensores dos irmãos Cristian e Daniel Cravinhos fizeram com que o julgamento dos três pelo assassinato do casal Manfred, 49, e Marísia, 50, marcado para ontem, no fórum criminal da Barra Funda (zona oeste de São Paulo), fosse adiado para o dia 17 de julho.


Pelo lado dos irmãos Cravinhos, que estão presos, os advogados Geraldo Jabur, Gislaine Haddad Jabur e Ana Garcia adotaram uma estratégia surpreendente ao não comparecer ao tribunal ontem.


A justificativa dos defensores, que estão com os réus desde 2002, foi a de que, por conta dos problemas nos presídios do Estado durante os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) e também pela greve dos agentes penitenciários, eles não puderam estar com os irmãos o tempo necessário para instruí-los para o júri.


O juiz do 1º Tribunal do Júri, Alberto Anderson Filho, fez questão de dizer aos irmãos Cravinhos, antes de mandá-los de volta para o presídio onde aguardam julgamento, em Itirapina (<_st13a_metricconverter productid="213 km" w:st="on">213 km de SP), que mandou transferi-los na quinta-feira, justamente para que esse problema não ocorresse, mas que seus advogados não foram encontrados pela Justiça para receber a comunicação de que os dois réus estavam à disposição deles em uma unidade prisional da capital.


Após a comunicação aos irmãos de que eles serão julgados em 17 de julho, e de mandar um recado aos defensores deles, "para que eles próprios [os réus] não sejam prejudicados", o juiz Anderson Filho entrou num forte embate jurídico com os defensores de Suzane -Denivaldo Barni, Denivaldo Barni Júnior, Mário Sérgio de Oliveira e Mauro Octávio Nacif.


Os quatro abandonaram o plenário depois que o juiz decidiu recusar o pedido de adiamento do júri, até então sustentado pelo advogado Nacif, para quem a presença da testemunha de defesa Cláudia Sorge -amiga de Marísia que conhece Suzane- era de "caráter imprescindível".


Cláudia Sorge, com quem Marísia costumava trocar confidências sobre a vida particular e os problemas mais rotineiros dos von Richthofen, está na Alemanha, estudando, e, segundo o próprio juiz Anderson Filho e o defensor de Suzane, deverá chegar ao Brasil entre hoje e amanhã.


Antes mesmo do início da abertura da sessão em que iriam ser julgados Suzane e os Cravinhos, o advogado Nacif já pedia para que ela não acontecesse. Durante as quase duas horas e meia, Nacif afrontou o juiz de diversas maneiras, chegou a apontar o dedo para ele e repetiu: "Hoje, esse julgamento não acontece, pois vou tirar minha beca e vou embora".


Em um determinado momento do debate com o juiz Anderson Filho -que se manteve sempre sereno-, Nacif afirmou que Cláudia Sorge poderia até ser substituída por uma outra testemunha caso o julgamento fosse marcado para um novo dia.

Houve uma discussão em torno dessa questão, já que Anderson Filho dizia não entender como Cláudia era tão importante para a defesa de Suzane, mas, ainda assim, seus defensores falavam em trocá-la por uma outra testemunha.


Quando o juiz decidiu que Suzane seria julgada mesmo sem a presença de Cláudia Sorge, os advogados Nacif e Mário Oliveira o desafiaram ainda mais. Nacif o chamou de "intransigente e arbitrário".


Os defensores de Suzane passaram a argumentar ao juiz que haviam entrado com uma petição, no dia 18 de maio, informando que Cláudia Sorge não havia sido localizada para comparecer ao julgamento de Suzane e que, como o juiz não teria visto o documento, isso configurava um erro.


Diante da vontade de Anderson Filho em manter o julgamento da ré, Nacif, acompanhado pelos outros defensores dela, levantou-se e foi embora do plenário.


Após o abandono do julgamento, que nem teve o corpo de jurados sorteados, Anderson Filho nomeou, por precaução, o defensor público Tiago Marin para acompanhar a defesa de Suzane, ao menos até o dia 17 de julho. Essa medida viabiliza o julgamento mesmo que os advogados se retirem novamente do plenário. Se isso ocorrer, o defensor poderá ser acionado.


Prisão preventiva


Depois de reclamar daquilo que classificou como "falta de ética e uma prova de deslealdade" dos defensores de Suzane, o promotor Roberto Tardelli, responsável pela acusação no caso Richthofen, pediu para que Suzane tivesse a prisão preventiva decretada novamente.


Desde a semana passada, por decisão do STJ, a jovem cumpre prisão domiciliar -primeiramente na casa de seu advogado Denivaldo Barni e a partir de ontem em um escritório na Vila Mariana (zona sul de São Paulo). O pedido da Promotoria foi negado pelo juiz sob a alegação de que ele não poderia descumprir uma ordem de um tribunal superior. "Apesar de a ré não estar algemada, eu estou", disse Anderson Filho, visivelmente abatido e constrangido.
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