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Bolsa paralisa movimentações; último "circuit breaker" foi há 3 anos com delação da JBS

Mecanismo foi utilizado pela última vez em 2017, em meio à delação dos donos da JBS contra Temer.

9/3/2020

A crise petroleira provocada pela decisão da Arábia Saudita em derrubar os preços está diluindo as bolsas de valores do mundo, que já estavam combalidas com o coronavírus. Nesta segunda-feira, 9, a Bovespa teve seu pregão interrompido pelo circuit breaker. A interrupção acontece após três anos desde a última vez, em meio às delações dos donos da JBS contra o então presidente Temer.

Nesta segunda-feira, 9, o dólar abriu o dia negociado em R$ 4,77. 

Circuit breaker

O mecanismo surgiu nos EUA após a quebra da Bolsa de Valores de Nova York, em outubro de 1987. A crise americana motivou a criação de instrumento que pudesse atenuar a velocidade de variação dos preços das ações. 

Acionado somente em momentos atípicos de mercado e de forte queda, o "circuit breaker" é um procedimento operacional utilizado pela B3 que interrompe a negociação de ativos negociados. Durante o acionamento do mecanismo, não é possível realizar compras ou vendas de ativos na Bolsa de Valores.

De acordo com informações da B3, o acionamento do circuit breaker é feito em 3 estágios, obedecendo a percentuais de desvalorização do Ibovespa:

Estágio I - quando o Ibovespa desvalorizar 10% (dez por cento) em relação ao valor de fechamento do Ibovespa do dia anterior, a negociação é interrompida por 30 (trinta) minutos;

Estágio II - reabertas as negociações, caso a variação do Ibovespa atinja oscilação negativa de 15% (quinze por cento) em relação ao valor de fechamento do dia anterior, a negociação é novamente interrompida por 1 (uma) hora;

Estágio III - reabertas as negociações, caso a variação do Ibovespa atinja oscilação negativa de 20% (vinte por cento) em relação ao índice de fechamento do dia anterior, a B3 pode determinar a suspensão da negociação por um período por ela definido. Nesse caso, o mercado será comunicado pelos canais oficiais da B3.

O acionamento desses estágios não pode ocorrer nos 30 minutos finais da sessão de negociação do dia. Caso a interrupção da negociação ocorrer na última hora da sessão de negociação, o horário de encerramento será prorrogado por, no máximo, 30 minutos para reabertura e negociação ininterrupta dos ativos e dos derivativos.

Utilização do mecanismo

O mecanismo foi utilizado pela primeira vez em 1997, durante a crise financeira asiática que se espalhou para o sudeste asiático e o Japão, afundando cotações monetárias, desvalorizando mercados de ações. A crise derrubou as bolsas de valores pelo mundo.


(Jornal O Globo, 1997)

Em 1998, devido à crise financeira da Rússia, o mecanismo também precisou ser ativado. A Rússia passava por uma intensa desvalorização da moeda e estava imersa em uma dívida interna.


(Jornal O Estado de S. Paulo, 1998)

O circuit breaker também paralisou a bolsa em 1999. Nas vésperas da adoção do câmbio livre no país, os negócios foram suspensos por meia hora devido à desvalorização do real.


(Jornal O Estado de S. Paulo, 1999)

Em 2008, quando a bolsa fechou com queda de 10,18%, o pregão da Bovespa também foi interrompido. Naquele ano, o Congresso Americano recusou pacote de ajuda financeira do governo ao mercado imobiliário, e isso gerou instabilidade em todo o mundo, incluindo o Brasil.

A última vez desde que o mecanismo foi utilizado, em maio de 2017, a bolsa de valores brasileira foi suspensa depois que o principal indicador da bolsa brasileira recuou mais de 10%. O cenário brasileiro era de intensas revelações no conteúdo da delação premiada dos donos da JBS, o irmãos Joesley e Wesley Batista, que atingiram diretamente Michel Temer.

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