Migalhas Quentes

Cade arquiva caso de suposto cartel para distribuição de linhas de serviços de fretamento

Justiça reconheceu ilegalidades na persecução penal e anulou provas.

20/8/2020

Na sessão do último dia 12 de agosto o Plenário do Cade arquivou, por unanimidade, processo que investigava suposto cartel para a distribuição de linhas de serviços de fretamento na região metropolitana de Campinas/SP. O arquivamento deu-se pela ilicitude das provas.

Os fatos que deram origem à investigação derivaram de provas colhidas durante investigação criminal impulsionada por uma denúncia feita por empresa do ramo de transporte público. A denunciante afirmava ter sofrido pressão das outras empresas para se alinhar ao cartel durante os anos de 2007/08.

No ano de 2014 o STJ reconheceu que a persecução penal foi permeada por uma série de ilegalidades. A Corte considerou que as decisões que autorizaram as interceptações telefônicas não tinham fundamentação mínima e que os investigados tiveram sua privacidade invadida de forma ilegal. Declarou-se então a nulidade das interceptações telefônicas, bem como das provas dela decorrentes (HC 251.540 - STJ). Como consequência, o processo criminal foi arquivado.

Contudo, a Superintendência do Cade entendeu que apenas as interceptações telefônicas deveriam ser desentranhadas e manteve no processo administrativo as interceptações telemáticas e os produtos das buscas e apreensões que foram realizadas à época.

A defesa criminal de um dos investigados, Belarmino de Ascensão Marta Júnior, patrocinada pelo escritório Carneiros Advogados de Brasília, requereu então ao juízo criminal a declaração expressa de todas as provas decorrentes das decisões já reconhecidas nulas pelo STJ, especialmente a quebra de sigilo telemático dos investigados. Afirmaram ainda que as provas produzidas durante as buscas e apreensões eram nulas por derivação, já que foram decretadas tendo por base a evidência resultante das interceptações telefônicas e telemáticas.

Em julho desse ano, a magistrada da 1ª vara Criminal de Campinas/SP reconheceu a nulidade de todas as provas. A decisão foi comunicada ao Cade, que arquivou o processo administrativo.

O advogado Rafael Carneiro destacou que “a teoria dos frutos da árvore envenenada ensina que são inadmissíveis as provas derivadas das ilícitas. Não poderia o Cade, portanto, ter se utilizado para instruir o Processo Administrativo de evidências que não são autônomas nem independentes das comunicações telefônicas declaradas nulas pelo STJ”.

__________

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Notícias Mais Lidas

Juiz afasta justa causa e reconhece dispensa imotivada de comissária de voo

2/12/2025

Anúncio de Trump não impacta processos migratórios, alerta advogado

2/12/2025

TST afasta penhora de aposentadoria de procurador que levantou valores indevidos

2/12/2025

TRF-1 autoriza mãe a sacar FGTS para tratamento de filho autista

2/12/2025

TRT da 2ª região inclui esposa de sócio em execução trabalhista

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

Abertura de empresas e a assinatura do contador: Blindagem ou burocracia?

3/12/2025

Como tornar o ambiente digital mais seguro para crianças?

3/12/2025

Recuperações judiciais em alta em 2025: Quando o mercado nos lembra que agir cedo é um ato de sabedoria

3/12/2025

Seguros de danos, responsabilidade civil e o papel das cooperativas no Brasil

3/12/2025

ADPF do aborto - O poder de legislar é exclusivamente do Congresso Nacional

2/12/2025