Migalhas Quentes

STJ decidirá se DF violou direito autoral em apostilas

Após o voto do relator, o ministro Raul Araújo pediu vista.

6/12/2022

Nesta terça-feira, 6, a 4ª turma do STJ começou a discutir se o Distrito Federal deve danos pagar materiais a um artista que teve sua obra reproduzida sem autorização em apostilas. A análise do caso foi suspensa por pedido de vista do ministro Raul Araújo.

Na origem, há 20 anos, um artista propôs ação indenizatória por danos materiais e morais contra o DF afirmando que o ente estatal utilizou-se indevidamente de obra intelectual de sua titularidade sem o pagamento da correspondente remuneração.

Para tanto, alegou que o Estado distribuiu, em projeto profissional e educacional do governo, apostilas que continham reprodução não autorizada de material protegido por direitos autorais. Foram distribuídas apostilas para cerca de 48 mil participantes do projeto. 

Nas instâncias inferiores, o ente público foi condenado ao pagamento de R$ 20 mil de danos morais, todavia, o pedido reparatório pelos prejuízos de ordem material foi rejeitado.

Ambas as partes recorreram ao STJ. O DF sustentou, entre outros pontos, que não obteve proveito econômico com a distribuição das apostilas, o que impediria o reconhecimento de danos materiais ao autor.

O artista, por sua vez, defendeu que reconhecida a violação dos direitos autorais de sua titularidade, o dever de reparar os danos patrimoniais independe do intuito de lucro ou mesmo a obtenção de qualquer benefício econômico pelo contrafator.

STJ condena DF por violar direito autoral em apostilas.(Imagem: Freepik)

Inicialmente, o caso foi analisado de forma monocrática pelo relator, ministro Antonio Carlos Ferreira, que ressaltou:

"Como no caso concreto foi reconhecida a ilicitude do ato, a conduta violadora e o nexo de causalidade – matéria preclusa, à míngua de irresignação por parte do recorrido –, resta inafastável a responsabilidade civil do ofensor à luz do que dispõem os arts. 186 e 927 da lei material civil, razão pela qual é forçoso imputar ao réu-recorrido, outrossim, a obrigação de reparar o autor-recorrente pelos danos materiais suportados, a par da indenização pelo prejuízo moral cuja condenação fora imposta nas instâncias precedentes."

Na ocasião, o ministro deu provimento ao recurso do artista para também condenar o DF ao pagamento de indenização por danos materiais, cujo valor deverá ser apurado na fase de liquidação de sentença, por arbitramento ou pelo procedimento comum, como melhor entender o magistrado que a presidir, na esteira da orientação que emana da súmula 344/STJ.

Já nesta terça-feira, no julgamento colegiado, o relator votou no mesmo sentido de sua decisão monocrática. Ato contínuo, o ministro Raul Araújo pediu vista.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Escola não indenizará por uso de videoaulas após fim de contrato

13/2/2022
Migalhas Quentes

Venda de e-book sem autorização da autora gera indenização

30/9/2019
Migalhas Quentes

Organização de material de apostilas para concursos não gera direito autoral

8/5/2016

Notícias Mais Lidas

STF derruba cotas que favoreciam alunos locais no ensino superior

2/12/2025

Morre Ary Oswaldo Mattos Filho

2/12/2025

STJ cancela sessões em razão do velório da ministra Assusete Magalhães

2/12/2025

STF: Partido questiona regras que reduzem dever de indenizar de aéreas

2/12/2025

Marcio Garcia terá de responder por dívida de aluguel de R$ 1,5 milhão

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

Autonomia patrimonial e seus limites: A desconsideração da personalidade jurídica nas holdings familiares

2/12/2025

Pirataria de sementes e o desafio da proteção tecnológica

2/12/2025

Você acha que é gordura? Pode ser lipedema - e não é estético

2/12/2025

Tem alguém assistindo? O que o relatório anual da Netflix mostra sobre comportamento da audiência para a comunicação jurídica

2/12/2025

Frankenstein - o que a ficção revela sobre a Bioética

2/12/2025