Migalhas Quentes

Escola é condenada a indenizar professora por fala racista de colega

TRT da 1ª região reformou sentença e arbitrou danos morais de R$ 10 mil em favor da professora.

22/7/2023

Professora receberá R$ 10 mil de danos morais após ser vítima de comentário racista proferido por colega de trabalho em escola. A decisão é do TRT da 1ª região que, de forma unânime, reformou parcialmente a sentença.

A professora afirmou na inicial que era a única empregada preta no ambiente de trabalho e que ouvia comentários racistas no período em que trabalhou na escola. Ressaltou uma ocasião na qual uma colega propôs que todos usassem roupa de cor preta em um evento. Quando a professora disse que não tinha roupa daquela cor, a colega sugeriu que ela “fosse pelada”.

Ainda, na inicial, a professora alegou que foi demitida da escola durante estabilidade acidentária, e, por isso, também requereu nulidade da dispensa, direito à estabilidade e reintegração ou a conversão em indenização.

Em primeiro grau, a juiza do Trabalho Aline Souza Tinoco Gomes de Melo, da 1ª vara do Trabalho de Itaperuna/RJ, julgou os pedidos improcedentes. Quanto ao caso de racismo, considerou inexistente o abalo à honra e à dignidade da professora, pois a situação teria sido resolvida via retratação pessoal entre as envolvidas.

Inconformada, a reclamante apresentou recurso ordinário pedindo reforma da sentença quanto à doença profissional e ao dano moral.

Professora foi vítima de comentário racista após dizer que não tinha roupa da cor preta para usar em evento.(Imagem: Freepik)

Brincadeira inaceitável

Quanto à doença profissional, o relator, desembargador Jorge Fernando Gonçalves da Fonte, do TRT da 1ª região, considerou que a professora não se desincumbiu de provar a inaptidão para o trabalho e que o laudo pericial constante nos autos foi desfavorável à ela.

Entretanto, reformou a sentença no ponto relativo ao racismo. Para o desembargador, a prova oral das testemunhas foi suficiente para demonstrar o dano moral alegado pela professora. 

"Nos dias atuais algumas brincadeiras não são mais aceitáveis [...] demonstrando uma tolerância imperdoável por parte dos superiores hierárquicos, tudo a configurar o dano moral noticiado."

Para o relator, era dever da escola garantir um ambiente de trabalho saudável e respeitoso. Assim, arbitrou danos morais de R$ 10 mil a favor da professora ofendida.

O escritório Benvindo Advogados Associados patrocinou a causa.

Veja o acórdão.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

TRT-3 mantém justa causa de professora acusada de racismo contra aluno

26/11/2022
Migalhas de Peso

Injúria racial: Jovem é condenado por ofender professora

26/1/2021
Migalhas Quentes

Estudante deve indenizar professora por acusação infundada de racismo

11/8/2017
Migalhas Quentes

Mãe e filho serão indenizados por comentários racistas por professora no Dia da Consciência Negra

21/11/2016

Notícias Mais Lidas

STJ aplica equidade e aumenta honorários de R$ 11 mil para R$ 150 mil

14/5/2024

Novo Código Civil pode entregar herança digital a plataformas, alerta Karina Nunes Fritz

13/5/2024

Reajuste de 75,5% em plano de saúde de idoso é abusivo, decide juíza

12/5/2024

Estupro de vulneráveis: legislação é aprimorada, mas número de casos aumenta

14/5/2024

Bancos devem fornecer dados de clientes aos Estados? STF adia análise

13/5/2024

Artigos Mais Lidos

Amil cancela unilateralmente planos de saúde de beneficiários: Como continuar tratamentos?

14/5/2024

Advocacia, ética e litigância de má fé

14/5/2024

Melhor prevenir do que remediar: Cláusula de apuração de haveres no contrato social

13/5/2024

PLP 68/24 agrava o inferno fiscal da reforma tributária

14/5/2024

Ansiedade INSS: Quais são meus direitos?

13/5/2024