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PGR denuncia Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo por coação ao STF

Deputado e blogueiro são acusados de articular sanções nos EUA para pressionar ministros em processo contra Jair Bolsonaro na trama golpista.

22/9/2025

A PGR denunciou nesta segunda-feira, 22, o deputado Eduardo Bolsonaro e o blogueiro Paulo Figueiredo Filho pelo crime de coação no curso do processo. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, concluiu que ambos articularam medidas de pressão junto ao governo dos Estados Unidos para tentar beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro em julgamento no STF.

Segundo a denúncia, Eduardo e Figueiredo teriam buscado sanções contra ministros da Corte para constrangê-los a não condenar o ex-presidente. A acusação foi formalizada no inquérito que investiga a atuação do parlamentar no exterior, envolvendo tentativas de retaliação contra autoridades brasileiras. O caso foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no STF.

O crime de coação no curso do processo está previsto no art. 344 do CP e consiste em "usar de violência ou grave ameaça, com o fim de favorecer interesse próprio ou alheio, contra autoridade, parte, ou qualquer outra pessoa que funciona ou é chamada a intervir em processo judicial, policial ou administrativo, ou em juízo arbitral". A pena pode chegar a quatro anos de reclusão.

 

PGR denuncia Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo por tentar coagir STF.(Imagem: Reprodução/Instagram)

No início deste mês, Bolsonaro foi condenado pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

Neto do ex-general João Batista Figueiredo, último presidente na ditadura militar, Paulo Figueiredo vive nos Estados Unidos e possui visto permanente de residência. Empresário e blogueiro, ele também foi denunciado pela trama golpista, sob a acusação de difundir notícias falsas.

Segundo Gonet, “todo o percurso estratégico relatado confirma o dolo específico de Eduardo Bolsonaro e de Paulo Figueiredo de instaurar clima de instabilidade e de temor, projetando sobre as autoridades brasileiras a perspectiva de represálias estrangeiras e sobre a população o espectro de um país isolado e escarnecido”.

O procurador destacou ainda que os denunciados se apresentaram publicamente como articuladores das medidas e chegaram a fazer ameaças aos ministros da Corte.

“Apresentaram-se como patrocinadores dessas sanções, como seus articuladores e como as únicas pessoas capazes de desativá-las. Para a interrupção dos danos, objeto das ameaças, cobraram que não houvesse condenação criminal de Jair Bolsonaro na AP 2.668."

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Sanções dos EUA

Também nesta segunda-feira, 22, o governo norte-americano incluiu a advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro Alexandre de Moraes, e o Instituto Lex, ligado à família, na lista de sanções da lei Magnitsky.

A medida ocorre 11 dias após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo Supremo e no mesmo período em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em Nova York para participar da Assembleia-Geral da ONU.

Desde 30 de julho, o próprio ministro já figura entre os alvos, sujeito a bloqueio de bens, cancelamento de cartões de crédito e restrições de entrada nos EUA. Segundo o Tesouro norte-americano, Moraes teria autorizado “detenções arbitrárias preventivas” e restringido a liberdade de expressão, caracterizando abusos de direitos humanos.

Em manifestação, Moraes classificou a sanção como "ilegal e lamentável", ressaltando que a decisão não apenas contrasta com a tradição americana de respeito à lei e aos direitos fundamentais, como também viola o Direito Internacional, a soberania do Brasil e a independência do Judiciário.

Lei Magnitsky

Criada em 2012 para punir autoridades russas acusadas de violações de direitos humanos, a Lei Magnitsky ganhou alcance global e hoje é um dos principais instrumentos unilaterais de sanções dos EUA. 

As medidas previstas incluem bloqueio de bens sob jurisdição americana, proibição de entrada nos EUA e restrições a transações com pessoas ou empresas norte-americanas. A designação é feita pelo Departamento do Tesouro (OFAC), sem necessidade de decisão judicial, com base em informações provenientes de parlamentares, ONGs e governos estrangeiros.

No caso brasileiro, o Departamento do Tesouro afirmou que seguirá responsabilizando autoridades que, em sua avaliação, atentem contra liberdades fundamentais.

Informações: Agência Brasil.

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