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Advogado, não compre o crédito do seu cliente

A venda de créditos judiciais é uma prática comum, mas arriscada para advogados. Parcerias com empresas especializadas reduzem riscos e otimizam ganhos, utilizando análise detalhada e tecnologia.

3/4/2024

Apesar do crescimento e profissionalização do mercado de negociação de ativos judiciais, até hoje é comum que clientes procurem seus advogados e advogadas com o intuito de tentar vender créditos fixados em processos e, assim, antecipar o recebimento de dinheiro para sair de um sufoco financeiro ou, simplesmente, para colocar um ponto final em determinado assunto, depois de desgastantes discussões no Judiciário.

Entretanto, se para o cliente esse negócio pode representar a solução de alguns problemas momentâneos, para os profissionais da advocacia, apesar de parecer um simples investimento, a transação pode significar diversos riscos. Por isso, antes de qualquer decisão, é preciso avaliar bem o cenário e pensar se não seria o caso de contar com uma empresa especializada em direitos creditórios para viabilizar o interesse do cliente sem se arriscar.

Isso porque, ao optar por comprar os créditos do cliente, o advogado assume todos os riscos pela demanda no lugar dele, colocando em jogo inclusive o rendimento que teria com seus honorários contratuais já pagos e ainda os eventuais honorários de sucumbência, a depender do valor do crédito negociado.

Já ao submeter o processo à análise de uma empresa especializada, o advogado pode pedir que seus honorários sejam preservados para recebimento em sua integralidade no fim do processo, deixando que seu cliente negocie a antecipação apenas de sua parte. Assim, ainda que o processo não tenha êxito na execução e que o patrono não receba os valores sucumbenciais, também não terá desembolsado qualquer receita antecipadamente ao seu cliente. O risco é completamente assumido pela empresa cessionária.

Para quem está no dia a dia da profissão, arriscar os valores recebidos em decorrência de duras batalhas judiciais, comprando créditos dos próprios processos que patrocina, pode não ser o tipo de investimento ideal na busca por mais rentabilidade. O efeito pode ser justamente o contrário, a perda de dinheiro.

As empresas que negociam esses ativos empregam tempo, tecnologia e expertise em análises apuradas dos riscos de processos em diferentes searas do direito. Utilizam-se ainda de Jurimetria e inteligência artificial para elaboração de propostas de compra de créditos judiciais de forma a compensar os riscos assumidos. E ainda contam com fundos de investimentos que dão o suporte financeiro necessário, mitigando os riscos do negócio.

Enfim, atualmente, existe, assim como no âmbito do Direito, uma verdadeira ciência nos bastidores de uma negociação de ativos judiciais, com a participação de profissionais habilidosos e muito investimento. Obviamente, sempre há aqueles que gostam de um investimento de risco, mas, se o objetivo for o desenvolvimento de um negócio saudável e de uma carreira longa e profícua, contar com uma boa parceria na área de cessão de créditos tende a ser a melhor opção.

Renata Nilsson
CEO e sócia da PX Ativos Judiciais | Consultora especializada em fundos de investimentos (FIDCs) e plataformas focadas na aquisição de créditos judiciais incluindo trabalhistas, cíveis e precatórios.

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