A advocacia moderna exige mais do que conhecimento jurídico.
A profissionalização das sociedades de advogados não é apenas uma tendência, mas uma necessidade estratégica.
Para além da expertise técnica, a gestão eficiente, a inovação e o cumprimento rigoroso das normas da OAB são pilares basilares para a sustentabilidade e o crescimento.
O cenário atual: Desafios e oportunidades
O mercado jurídico no Brasil é vasto e dinâmico. Dados recentes indicam um crescimento constante no número de advogados e de sociedades, o que intensifica a competição e exige diferenciação.
Segundo a OAB, o Brasil conta com mais de 1,3 milhão de advogados, e o número de sociedades de advogados registradas tem aumentado exponencialmente, realidade que reflete maturidade na forma de atuação profissional.
No entanto, com esse crescimento, surgem desafios:
- Gestão ineficiente: Muitos escritórios ainda operam sem um plano de negócios claro, gerenciamento financeiro adequado ou mesmo estratégias de marketing ético.
- Falta de inovação: A resistência à adoção de tecnologias (legaltechs) e a falta de investimento em sistemas de gestão e segurança da informação podem comprometer a competitividade.
- Desconhecimento regulatório: A informalidade pode levar a riscos, deslizes disciplinares e éticos, como a mercantilização da profissão, a captação indevida de clientes ou a violação de normas de publicidade.
O papel da OAB: Guardiã da profissionalização
A OAB, por meio de suas seccionais, desempenha um papel crucial na garantia da profissionalização e da ética.
O registro de sociedades na OAB não é mera burocracia, mas sim um ato de conformidade que nos assegura exercer com integridade a profissão.
O provimento 112/06 do Conselho Federal da OAB e o Estatuto da Advocacia e da OAB (lei 8.906/1994) estabelecem as diretrizes para a constituição e funcionamento das sociedades de advogados, como a proibição de características mercantis e a exigência de que todos os sócios sejam advogados regularmente inscritos.
A fiscalização da OAB, exercida, em grande parte, pelas Comissões de Sociedades de Advogados, coíbe práticas que desvirtuam a natureza da advocacia, tais como a publicidade ostensiva e a captação de clientela.
Um exemplo notório é a atuação dos TEDs - Tribunais de Ética e Disciplina para manter a dignidade da profissão.
Pilares da profissionalização para sociedades de advocacia
Para atingir um novo patamar de excelência, as sociedades de advogados devem se concentrar em três pilares essenciais:
1. Gestão estratégica:
Planejamento financeiro: Adotar um sistema de gestão para controle de receitas, despesas e pró-labore, garantindo a saúde financeira da banca.
Governança:
Definir claramente as responsabilidades de cada sócio e estabelecer processos de tomada de decisão.
Gestão de pessoas:
Investir em capacitação, feedback e na retenção de talentos.
Inovação e tecnologia: Legaltechs:
Utilizar softwares de gestão jurídica para automação de tarefas, controle de prazos e organização de documentos.
Segurança da informação: Proteger dados de clientes e informações confidenciais, sempre em conformidade com a LGPD.
Marketing digital ético: Construir uma presença online por meio de “blogs”, redes sociais e produção de conteúdo relevante, também em estrita observância ao provimento 205/21 do CFOAB, que disciplina a publicidade na advocacia.
Compliance e ética:
Código de conduta:
Criar um código interno que possa orientar os profissionais sobre as normas de ética e disciplina.
Relacionamento com a OAB: Manter-se em dia com as obrigações societárias e atuar em conformidade com as orientações da Ordem.
A profissionalização não é um destino, mas uma jornada de estratégia contínua.
As sociedades de advogados que investem em gestão, inovação e ética não apenas se destacam no mercado, mas também fortalecem o prestígio e a honradez da advocacia como um todo.
A atuação da OAB, ao mesmo tempo que fiscalizatória, igualmente oferece o suporte necessário para que a advocacia brasileira siga seu caminho de excelência e modernidade, sempre tendo por princípio a preservação dos valores que a tornam indispensável à distribuição da justiça social.