Migalhas Quentes

“Colaboração premiada vai mudar o perfil do processo penal e do Direito Penal brasileiro”, diz Marlus Arns

Para advogado, vivemos um enorme divisor de águas.

7/8/2015

O advogado Marlus H. Arns de Oliveira (Arns de Oliveira & Andreazza Advogados Associados) é responsável na Lava Jato pelas delações de Eduardo Leite e Dalton dos Santos Avanccini. Há pouco, assumiu o caso de Renato Duque.

Com a propriedade e experiência resultantes da atuação em Direito Penal Econômico, o causídico falou com exclusividade acerca de um dos temas jurídicos mais polêmicos da tormentosa operação, a delação premiada.

Divisor de águas

"Eu acredito que a colaboração premiada vai mudar completamente o perfil do processo penal e do Direito Penal brasileiro. Acho que estamos vivendo um divisor de águas enorme. Algo que talvez só possamos avaliar daqui dez, quinze anos, se estão sendo tomadas as decisões corretas, se o caminho é esse."

O causídico lembrou a experiência norte-americana com a colaboração, marcada pela "questão do play bargain, da barganha mesmo".

"Acredito que nós vamos caminhar para isso, certos ou errados. Não estou dizendo que concordo, mas acho que tendemos a nos afastar do Direito Penal Europeu e nos aproximarmos cada vez mais do Direito Penal norte-americano, inclusive com instrumentos que já são de uso cotidiano, como a recompensa para quem aponta crimes de corrupção na própria empresa ou outras empresas. A pessoa é bonificada por apontar crimes de corrupção. Penso que estamos vivendo um divisor de águas monumental."

Eficiência

Fato recorrente na operação Lava Jato é a demonstração, pelo MPF, dos valores que estão sendo recuperados para os cofres da Petrobras. Nesse sentido, Marlus Arns vislumbra uma maior eficiência na recuperação de ativos com a delação.

"Tem fatos que todos nós sabemos, não no caso específico da Lava Jato, em qualquer caso, que são impossíveis de provar. Fica aquela briga de nulidades, das preliminares, da prescrição. Chega alguém e negocia e daí torna claro. Acabou. Por isso acredito que vai ser um divisor de águas. O MP não vai perder a oportunidade de catalisar tudo isso. Eles vão acabar propondo alterações legislativas, avançando... Daqui dez anos ninguém vai falar de delação premiada, pois todo mundo estará fazendo."

Ao avaliar a condução do caso pelo juiz Federal Sérgio Moro, o advogado não vê surpresas na atuação do magistrado, familiar aos que militam na JF do Paraná.

"Temos o Tribunal Regional Federal confirmando [as decisões do Moro]. Aí dizem que é tribunal de passagem. Vai para o STJ, e a Corte confirma, mas lá argumentam que é magistrado convocado [o relator, desembargador Newton Trisotto], que não teve coragem. Então, vai no Supremo, cai para o ministro Teori e não resolveu. Enfim, as decisões não estão sendo revisadas."

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Delação premiada precisa ser aperfeiçoada, dizem Adriano Bretas e André Luis Pontarolli

7/8/2015
Migalhas Quentes

Conheça os advogados dos delatores da Lava Jato

31/7/2015
Migalhas Quentes

Delação premiada divide opiniões

29/6/2015
Migalhas Quentes

Matéria especial do STJ trata da delação premiada e das garantias do colaborador

10/5/2015
Migalhas Quentes

Há 10 anos, Sérgio Moro defende moralidade da delação premiada

2/1/2015
Migalhas de Peso

A delação premiada e os riscos do "dedo-duro" institucionalizado

6/11/2014

Notícias Mais Lidas

Juiz afasta justa causa e reconhece dispensa imotivada de comissária de voo

2/12/2025

Anúncio de Trump não impacta processos migratórios, alerta advogado

2/12/2025

TST afasta penhora de aposentadoria de procurador que levantou valores indevidos

2/12/2025

TRF-1 autoriza mãe a sacar FGTS para tratamento de filho autista

2/12/2025

TRT da 2ª região inclui esposa de sócio em execução trabalhista

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

Abertura de empresas e a assinatura do contador: Blindagem ou burocracia?

3/12/2025

Como tornar o ambiente digital mais seguro para crianças?

3/12/2025

Recuperações judiciais em alta em 2025: Quando o mercado nos lembra que agir cedo é um ato de sabedoria

3/12/2025

Seguros de danos, responsabilidade civil e o papel das cooperativas no Brasil

3/12/2025

ADPF do aborto - O poder de legislar é exclusivamente do Congresso Nacional

2/12/2025