Migalhas Quentes

STJ determina nulidade de processo após reconhecer ilicitude de prova

A partir do voto do ministro Rogerio Schietti, os ministros da 3ª seção concederam ordem de ofício, vencidos os ministros Ribeiro Dantas e Felix Fisher.

10/2/2021

(Imagem: Unsplash)
A 3ª seção do STJ determinou a nulidade de um processo, desde o início, após reconhecida a ilegalidade da prova decorrente de interceptação de celular sem autorização judicial. A partir do voto do ministro Rogerio Schietti, os ministros concederam ordem de ofício, vencidos os ministros Ribeiro Dantas e Felix Fisher.

A 6ª turma reconheceu a nulidade de prova decorrente de interceptação de celular que foi preso em flagrante na posse de substância entorpecente. A própria polícia, assim que o prendeu, examinou o conteúdo do celular e descobriu mensagens que acabaram levanto à imputação não de posse, mas de tráfico de entorpecentes.

No RHC 89.385 foi reconhecida a ilegalidade da prova, declarou-se a ilicitude de todo conjunto probatório a partir do momento em que foi produzida a prova e, em razão dela, foi condenado o réu.

O magistrado de 1º grau, dando cumprimento à decisão do STJ, determinou a realização de laudo pericial do celular por entender que se trataria de prova repetível. A defesa considerou, com isso, que houve descumprimento da decisão do STJ.

O relator, ministro Rogerio Schietti ressaltou que, ao ser reconhecida a ilegalidade de determinada prova, é razoável, e até recomendável, que se dê oportunidade à defesa e ao parquet acesso aos autos para que possa avaliar qual diretriz será tomada até mesmo quanto à sustentabilidade da acusação.

O ministro ressaltou que a 6ª turma e o STF têm decidido no sentido de que o exame do conteúdo das mensagens de WhatsApp se equivale a interceptações telefônicas e, portanto, depende de autorização judicial.

“Em um exame superficial pode-se concluir que os procedimentos adotados a posteriori pelo magistrado constituiriam uma forma de burlar a decisão deste STJ, pois não lhe foi facultado no writ a renovação do procedimento relativo à colheita da prova decorrente do indevido acesso às conversas do WhatsApp.”

Schietti entendeu que deveria ser anulada não só a sentença, que constou do dispositivo proferido no RHC 89.385, mas todo o processo, sem prejuízo de que se realizada perícia sobre o aparelho, devidamente autorizada, eventualmente se renove a persecução penal.

Assim, votou pela improcedente da reclamação, mas concedeu a ordem de ofício para anular o processo.

Os ministros Reynaldo da Fonseca, Antonio Saldanha Palheiro, Laurita Vaz, João Otávio de Noronha e Sebastião Reis Jr. acompanharam o relator.

Divergência

Em divergência ao relator, o ministro Ribeiro Dantas ressaltou que não seria necessário, embora nula a perícia, a anulação do processo inteiro e se esperar por uma nova denúncia para que se determine a confecção de uma nova perícia.

Ribeiro Dantas votou pela improcedência da reclamação e reconhece como válida a reabertura da instrução processual a requerimento do MP, de modo que se possa produzir, se for o caso, de maneira lícita, a prova necessária ao julgamento do feito, uma vez reconhecida a hipótese de descoberta inevitável.

O ministro Felix Fisher seguiu a divergência.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

STJ valida prova achada em agenda de celular sem autorização judicial

25/1/2021
Migalhas Quentes

Julgamento que decidirá licitude de prova obtida sem autorização judicial é suspenso

6/11/2020
Migalhas Quentes

São nulas provas obtidas no WhatsApp por policiais sem autorização judicial

16/12/2019
Migalhas Quentes

Criado em 2009, WhatsApp ganhou espaço na Justiça como parte e solução

30/8/2018
Migalhas Quentes

São nulas provas obtidas em WhatsApp sem autorização judicial

29/8/2018

Notícias Mais Lidas

Aos gritos, promotor chama advogado de “safado, pilantra, bosta e frouxo”

25/4/2024

MP/SP arquiva caso de abuso de autoridade de policial contra advogado

25/4/2024

STJ aplica honorários por equidade em execução fiscal

25/4/2024

Cão Joca: Legislativo e ministério da Justiça se posicionam sobre caso

25/4/2024

Promotor que chamou advogado de “bosta” é alvo de reclamação no CNMP

25/4/2024

Artigos Mais Lidos

Do “super” cônjuge ao “mini” cônjuge: A sucessão do cônjuge e do companheiro no anteprojeto do Código Civil

25/4/2024

Domicílio judicial eletrônico

25/4/2024

Pejotização: A estratégia que pode custar caro

25/4/2024

Transação tributária e o novo programa litígio zero 2024 da RFB

25/4/2024

Burnout, afastamento INSS: É possível?

26/4/2024