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TJ/PE analisará em IRDR a contratação de consignado por analfabetos

Até que a questão seja resolvida, todos os processos da matéria ficam sobrestados no Estado.

19/2/2021

A seção Cível do TJ/PE decidiu, por unanimidade de votos, instaurar IRDR - incidente de resolução de demandas repetitivas para analisar os processos judiciais decorrentes de contratação de empréstimo consignado de pessoa analfabeta com instituição financeira, quando não for observada formalidade essencial para a contratação do serviço. 

Até que a questão seja decidida, ficam suspensos todos os processos pendentes de julgamento que tratam do assunto em todo o Estado.

(Imagem: PxHere)

Com base nas teses jurídicas relacionadas às questões de direito material e processual propostas, respectivamente, no voto do relator, desembargador Fernando Ferreira, houve a admissibilidade do IRDR motivada pela seguinte questão central: condicionamento da validade do negócio jurídico de empréstimo bancário a pessoa analfabeta à observância de formalidade essencial para sua contratação.

Segundo o relator, como este tipo de processo se desdobra em duas fases, a da admissibilidade de sua instauração e a de seu julgamento de mérito, neste instante convém realçar a importância do atendimento da determinação legal de sua ampla publicidade. 

Discorreu que o julgamento final resultará a fixação de teses jurídicas para as questões controvertidas que, em razão do efeito vinculante do precedente, deverão ser observadas por todos os magistrados pernambucanos nos processos pendentes de julgamento correlacionados com a premissa basilar do incidente, qual seja, a concessão de crédito consignado por instituição financeira a pessoa analfabeta.

“De modo, inclusive, que essa publicidade possa ensejar manifestações de pessoas físicas, órgãos e entidades de algum modo interessados no julgamento meritório do IRDR, oportunamente endereçadas aos próprios autos do incidente, independentemente de não serem partes litigantes no recurso de onde ele se originou.”

Além deste ponto, foram também discutidas outras questões paralelas no julgamento, tais como a configuração da responsabilidade objetiva de instituição financeira pelo dever de indenizar pessoa analfabeta por dano moral; possibilidade de aplicação de ofício do instituto da compensação, considerando o que um deve ao outro e só havendo o pagamento da diferença; e ainda sobre a alteração na causa de pedir da pretensão de declaração de inexistência de débito, quando limitada à negativa de contratação do negócio jurídico, sendo possível o reconhecimento da nulidade por vício formal do contrato refletido em documentos juntados aos autos.

Por unanimidade, os desembargadores deliberaram a suspensão de todos os processos pendentes no Estado de Pernambuco, em ambos os graus de jurisdição e no âmbito dos juizados especiais, nos quais se discuta a questão controvertida.  

Leia o acórdão.

Informações: TJ/PE.

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