Migalhas Quentes

Ministro do TST rebate advogado que falou em conluio: "É preciso saber perder"

Durante sessão da 5ª turma do TST, ministro Douglas Alencar Rodrigues reagiu a falas consideradas ofensivas de advogado que questionou a redução de indenização à família de vítima da tragédia de Brumadinho.

9/10/2025

A sessão da 5ª Turma do TST desta semana foi marcada por momento de tensão entre um advogado e os ministros da Corte.

Ao sustentar oralmente em um processo que tratava da indenização de familiares de uma vítima do rompimento da barragem de Brumadinho (MG), o advogado criticou duramente a decisão que reduziu o valor indenizatório fixado à família.

Durante sua fala, o profissional afirmou que “a Vale está sendo beneficiada com toda a venda” e insinuou que haveria “conluio dentro da Justiça” na definição dos valores indenizatórios.

Desde o início, em 2019, foi ofertado 500 mil reais para a família e eles não quiseram. Agora, com toda a venda, o tribunal passa para 500 mil reais”, disse, acrescentando que “ninguém fica rico através da morte de um filho”.

As declarações provocaram reação imediata do ministro Douglas Alencar Rodrigues, que destacou a importância da advocacia, mas advertiu sobre os limites éticos do exercício da profissão.

Os advogados cumprem uma função pública muito importante, são indispensáveis à administração da Justiça, mas há alguns limites que precisam ser observados, inclusive o uso de linguagem ofensiva”, afirmou o ministro.

O ministro também rebateu as acusações de suposto conluio.

Essas informações de que houve conluio com a Justiça são alegações levianas, indignas e ofensivas a este tribunal. Não há qualquer tipo de mácula ou nódoa ao debate. As decisões são públicas, e os advogados podem recorrer”, declarou.

O ministro ressaltou ainda que o TST lida com mais de 600 mil processos, o que contribui para a morosidade nas decisões, mas defendeu que o Tribunal cumpre o dever constitucional de fundamentar suas decisões.

É preciso saber perder, saber sucumbir, porque nós não temos sempre razão. O voto está fundamentado, concorde ou não, aceite ou não a decisão”, concluiu.

O ministro Breno Medeiros também se manifestou, lamentando o episódio e reforçando a crítica às declarações do advogado.

Nós temos que ser objetivos e colocar as matérias dentro dos limites do direito. O advogado desbordou ao fazer afirmações levianas para com esta Justiça”, disse.

Contexto

O caso discutido envolve o valor da indenização devida à família de uma das vítimas do rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale S.A., ocorrido em Brumadinho (MG), em 2019. A tragédia deixou 272 mortos e é considerada o maior desastre laboral e ambiental da história da mineração no país.

A 5ª Turma do TST, ao julgar o recurso, reduziu o valor indenizatório fixado nas instâncias inferiores, decisão que motivou a reação do advogado durante a sustentação oral.

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Advogado interrompe e juíza rebate: "preferia que eu ficasse servindo"

16/12/2024
Migalhas Quentes

Promotor chama advogada de "feia" em Júri e sessão é anulada

23/3/2024
Migalhas Quentes

Presidente da Apamagis repudia ofensa misógina de advogado a juíza

25/4/2023

Notícias Mais Lidas

STF: Partido questiona regras que reduzem dever de indenizar de aéreas

2/12/2025

Marcio Garcia terá de responder por dívida de aluguel de R$ 1,5 milhão

2/12/2025

Juíza condena escritor a indenizar Pedro Benoliel por post antissemita

2/12/2025

União indenizará mulher incluída por engano em processo trabalhista

2/12/2025

Ministro retira processo de pauta após advogada apontar falha em voto

2/12/2025

Artigos Mais Lidos

ADPF do aborto - O poder de legislar é exclusivamente do Congresso Nacional

2/12/2025

Falecimento e conta conjunta: O banco pode reter todo o saldo?

2/12/2025

Concurso público e convocação tardia: STF mantém decisão que garantiu direito de candidato da Paraíba

2/12/2025

Não há incidência do IPI na transferência de salvados à seguradora

2/12/2025

Entre capital e compliance: Por que a regulação acelera o M&A no ecossistema fintech?

2/12/2025