Com a experiência de quem há anos atua na defesa jurídica contra abusos bancários, afirmo: a alta da Selic não atinge apenas quem vive de crédito. Ela penaliza, sobretudo, quem não está estrategicamente protegido.
Porque, quando a Selic sobe, o sistema financeiro se defende. O cidadão, não.
A Selic não é o problema. O problema é não compreender o jogo
A taxa Selic — Sistema Especial de Liquidação e Custódia — é a taxa básica de juros da economia brasileira. Sua elevação encarece o crédito, pressiona o consumo, compromete orçamentos e fragiliza operações financeiras.
Financiamentos, parcelamentos no cartão, empréstimos, aquisições imobiliárias — tudo se torna significativamente mais caro. Ao mesmo tempo, investidores com liquidez se beneficiam de uma rentabilidade maior.
É um jogo conhecido: quem tem dinheiro disponível, lucra. Quem precisa de crédito, paga.
A pergunta que precisa ser feita é: em qual posição o cidadão está inserido? E mais importante — qual estratégia ele tem para se proteger?
A prática revela um padrão silencioso (e recorrente)
Vejo um padrão cada vez mais evidente: empresários, profissionais liberais, investidores — todos impactados por juros que corroem patrimônio com eficiência cirúrgica.
Não se trata de erro de gestão. Nem de falta de atenção. Trata-se de estrutura.
Enquanto bancos operam com tecnologia, inteligência jurídica e margens amplas, o cidadão opera sozinho — muitas vezes com desconhecimento sobre os contratos que assina.
Sem estratégia, o resultado é inevitável: o custo invisível dos juros altos destrói valor de forma constante
Algumas verdades que precisam ser ditas com clareza
- Financiamentos em tempos de Selic elevada devem ser analisados com extremo rigor. Muitas vezes, a melhor decisão é adiar;
- Parcelar despesas no cartão de crédito, sem cálculo estratégico, pode gerar encargos superiores ao valor original da compra;
- Renegociar dívidas diretamente com bancos, sem assessoria jurídica, frequentemente resulta em contratos ainda mais caros;
- Ter uma reserva de emergência não é luxo. É proteção;
- Investimentos bem direcionados podem transformar um cenário de Selic alta em oportunidade — não em prejuízo.
Esses são movimentos que exigem estratégia jurídica e inteligência financeira. Não há atalhos.
Estratégia e discrição: O caminho de quem protege o que construiu
Em contextos de juros elevados, decisões apressadas custam caro. Já vimos isso se repetir inúmeras vezes: contratos mal elaborados, cláusulas abusivas, encargos excessivos que poderiam ter sido evitados.
Com atuação técnica e criteriosa, é possível revisar contratos bancários, identificar abusos e reestruturar dívidas com inteligência.
Sempre com a discrição e o respeito que a trajetória de cada cliente exige.
Conclusão
A alta da Selic, por si só, não é o problema. O verdadeiro risco está em atravessar esse cenário sem estratégia, sem defesa, sem compreensão da estrutura em jogo.
Porque, no Brasil, quando os juros sobem, só existem duas opções: ou você se defende — ou financia o lucro do sistema.
A decisão, felizmente, ainda está nas suas mãos.