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Como reduzir custos trabalhistas com o banco de horas

O banco de horas, quando bem estruturado, ajuda a reduzir custos trabalhistas, evita ações por horas extras e garante mais segurança jurídica para a empresa.

3/9/2025

O custo das horas extras

Para muitos empresários, a folha de pagamento representa um dos maiores custos fixos do negócio e, quando entram em cena as horas extras, a conta cresce rapidamente.

Cada hora a mais trabalhada além da jornada significa pelo menos 50% de acréscimo sobre o valor normal, podendo ser ainda maior conforme a convenção coletiva. Isso sem falar nos reflexos: férias, 13º salário, FGTS e encargos.

O resultado é um gasto que parece pequeno mês a mês, mas que, acumulado ao longo do ano, pode se transformar em um acréscimo relevante para a empresa.

E o impacto não é apenas financeiro: em 2024, as horas extras lideraram o ranking de temas nas reclamações trabalhistas, com 70.508 processos julgados, um crescimento de 19,7% em relação a 2023.

Em outras palavras, além de impactar o caixa, é também uma das principais fontes de passivo trabalhista para empresas.

O perigo dos pagamentos “por fora” e da compensação de horas irregular

Para reduzir os custos imediatos com horas extras, muitas empresas recorrem a práticas arriscadas: realizam pagamentos “por fora”, sem registro oficial, ou firmam acordos de compensação mal estruturados, combinados diretamente com os empregados e sem qualquer formalização.

No curto prazo, pode até parecer uma economia. Mas, na prática, essa conduta abre espaço para um grande passivo trabalhista.

Não é incomum que bancos de horas informais ou mal elaborados sejam declarados inválidos em uma ação judicial, obrigando a empresa a arcar com todas as horas extras acumuladas, acrescidas de reflexos.

Os riscos de uma compensação de horas mal estruturada

Imagine a seguinte situação: sua empresa permite que os funcionários façam compensações de jornada “na confiança”, sem termo escrito ou controle adequado. Algum tempo depois, um ex-empregado entra com uma reclamação trabalhista.

No processo, o juiz, como já ocorre com frequência na Justiça do Trabalho, desconsidera o banco de horas por falta de formalização, controle e transparência do banco de horas e determina o pagamento de todas as horas extras do período.

O que parecia uma economia se transforma em uma cobrança judicial de milhares de reais, acrescida de reflexos em férias, 13º, FGTS e INSS.

E como eu sempre digo: o impacto de um processo trabalhista vai além do jurídico - afeta o tempo da gestão, o caixa e a rotina do negócio, tirando o foco do empresário daquilo que realmente importa: fazer a empresa crescer.

Em casos extremos, a condenação pode comprometer a própria continuidade da empresa.

O que é banco de horas e como funciona?

Você não precisa recorrer a pagamentos por fora ou a compensações irregulares para reduzir custos. A CLT, atualizada pela reforma trabalhista (lei 13.467/17), autoriza a utilização do banco de horas, um sistema que permite flexibilizar a jornada e otimizar custos.

O ponto crítico está na formalização: quando o banco de horas não é estruturado corretamente, ele pode ser invalidado na Justiça e gerar um grande passivo trabalhista.

Como utilizar o banco de horas de forma estratégica

1. Escolha a forma de formalização

2. Elabore um termo formal de banco de horas

O documento deve conter, no mínimo:

Com esses pontos alinhados com o funcionário desde a implementação do banco de horas, o risco de se tornar uma dor de cabeça diminui consideravelmente.

1. Garanta um controle de jornada eficiente

2. Respeite os limites legais

3. Compense dentro do prazo ou pague como hora extra

Conclusão

Não deixe que um banco de horas mal estruturado se transforme em um passivo trabalhista para sua empresa. A formalização correta não é apenas uma exigência legal, mas uma estratégia de gestão que garante previsibilidade, transparência e segurança.

Contar com o apoio de um advogado trabalhista especializado é essencial: é ele quem estrutura o termo de banco de horas de acordo com a lei e com a convenção coletiva, define regras claras de compensação e orienta sobre os limites legais, evitando erros que poderiam custar caro no futuro.

Um banco de horas bem implementado garante economia real, reduz riscos de ações judiciais e fortalece a gestão de pessoas - permitindo que o empresário foque no que realmente importa: fazer sua empresa crescer com segurança.

Alany Martins
Advogada trabalhista empresarial. Estratégia jurídica, compliance e gestão preventiva de passivos. Contatos: (15) 99722-3433; lopesmartinsescanhoela@gmail.com.

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