Migalhas Quentes

"Fim da picada", dispara Fisher a advogado que pediu a palavra antes da leitura de voto

Causídico pretendia levantar questões de fato.

9/12/2020

Durante sessão da 5ª turma do STJ, quando o presidente da turma, ministro Ribeiro Dantas, anunciava o próximo julgado, o advogado inscrito no processo pediu a palavra para esclarecimento de fato. Acontece que o ministro relator, Felix Fisher, não tinha proferido voto ainda.

A questão incomodou muito o relator, que disparou: "Isso é ofensivo! Isso é o fim da picada! Eu nem comecei a ler o voto e já está inventando matéria de fato? Não tem sentido nenhum. Está adivinhando meu voto?".

O ministro João Otávio Noronha explicou ao advogado que a questão de fato é aquela que surge no decorrer do voto do relator. “Não cabe prévia intervenção de questão de fato.

Ao final, o ministro Felix Fisher decidiu reexaminar o caso e levar na próxima sessão, pedindo vista regimental.

Em contato com a Redação, o advogado William Oliveira enviou a seguinte mensagem:

"Havia um parecer favorável do MPF, mas o Ministro denegou o habeas corpus monocraticamente, sem que a defesa pudesse fazer sustentação oral, contrariando a jurisprudência do próprio STJ e em desacordo com o regimento interno da Corte. Foi interposto agravo regimental e, mesmo sendo uma questão controvertida, pedimos para fazer sustentação oral com base em precedente do STF. O agravo foi interposto em 30/10/20, o pedido de sustentação oral foi protocolado em 11/11/20, mas não foi analisado. Pedimos audiências com os Ministros e não tivemos retorno. O feito foi chamado a julgamento como "pedido de preferência SEM sustentação oral". Um dos argumentos que embasam a prisão é a necessidade de "assegurar a investigação e a instrução criminal". O feito tinha ido para a pauta no dia 24/11, mas acabou sendo retirado pelo relator. Era preciso informar que a instrução terminou na semana passada, um fato recente, portanto. Era uma questão de ordem, nos termos do artigo 7º, incisos X e XI, do EOAB.  Iria dizer que a audiência já ocorreu e que todas as testemunhas foram ouvidas. Também pretendia insistir na realização da sustentação oral, enfatizando que o pedido sequer chegou a ser analisado e que o regimento estava sendo violado. Eram questões que poderiam influir no resultado do julgamento. Não se tratava de esclarecimento sobre o voto do Ministro. Pedir a palavra pela ordem e suscitar questões de fato é algo que não necessariamente depende dos votos dos Ministros. Ou seja, não há necessidade de se aguardar os votos para verificar a conveniência e a oportunidade de se suscitar questões de fato. Diante do ocorrido, iria fazer isso após o voto, mas o Ministro, então, pediu vista do próprio voto e o julgamento foi interrompido. Foi uma ato destemperado de alguém que desprestigia o colegiado, julgando monocraticamente quando se vê diante da possibilidade de ficar vencido, assim como desprestigia os direitos do cidadão e a advocacia, negando importância à sustentação oral e às prerrogativas profissionais."

Veja mais no portal
cadastre-se, comente, saiba mais

Leia mais

Migalhas Quentes

Advogado sem terno e gravata é retirado de sessão virtual do STJ

27/10/2020
Migalhas Quentes

"Aqui é um tribunal, não uma pista de corrida", adverte ministro a advogada que "ingressou" em sessão dirigindo

20/10/2020
Migalhas Quentes

Advogado participa de julgamento sem gravata e é advertido por desembargador

8/7/2020

Notícias Mais Lidas

Aos gritos, promotor chama advogado de “safado, pilantra, bosta e frouxo”

25/4/2024

MP/SP arquiva caso de abuso de autoridade de policial contra advogado

25/4/2024

STJ aplica honorários por equidade em execução fiscal

25/4/2024

Cão Joca: Legislativo e ministério da Justiça se posicionam sobre caso

25/4/2024

Promotor que chamou advogado de “bosta” é alvo de reclamação no CNMP

25/4/2024

Artigos Mais Lidos

Do “super” cônjuge ao “mini” cônjuge: A sucessão do cônjuge e do companheiro no anteprojeto do Código Civil

25/4/2024

Domicílio judicial eletrônico

25/4/2024

Pejotização: A estratégia que pode custar caro

25/4/2024

Transação tributária e o novo programa litígio zero 2024 da RFB

25/4/2024

Burnout, afastamento INSS: É possível?

26/4/2024