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Compradoras de imóveis embargados não têm direito a lucros cessantes

Conforme acórdão, atraso na entrega, e eventual impossibilidade de alugar imóveis, não enseja indenização.

17/8/2023

Incorporadora não indenizará, por lucros cessantes, compradoras de unidades de empreendimento imobiliário embargado e não entregue. Decisão é da 4ª câmara de Direito Privado do TJ/SP, segundo a qual as partes prejudicadas só poderiam pleitear interesses negativos decorrentes do contrato, ou seja, valores despendidos até o momento da resolução contratual.

No caso, duas mulheres compraram unidades de um empreendimento imobiliário comercializado por uma incorporadora, mas a entrega do imóvel, prometida para até novembro de 2017, nunca aconteceu. Em juízo, as compradoras pediram a resolução do contrato e a devolução dos valores pagos, além de ressarcimento pelos lucros cessantes, sob o argumento de que não puderam explorar economicamente os imóveis. 

De acordo com 1ª e 2ª instâncias, compradoras de unidades de empreendimento imobiliário embargado não têm direito a lucros cessantes.(Imagem: Freepik)

Consta nos autos que a obra sofreu embargo judicial em razão de descumprimento de termo de ajustes assinado para preservação ambiental. Em decorrência do imbróglio, a própria empresa propôs outra ação judicial (1045142-09.2020.8.26.0002) com o intuito de resolver os contratos e devolver os valores pagos aos compradores. Tal ação foi julgada procedente em parte para extinguir a obrigação contratual.

No processo movido pelas adquirentes, a demanda foi julgada improcedente em 1ª instância, pela juíza de Direito Márcia Blanes, da 15ª vara Cível do foro regional II de Santo Amaro (São Paulo/SP).

Conforme a juíza, são pressupostos da responsabilidade civil, ação ou omissão que leve a resultado danoso. No caso, a magistrada considerou que não se admite condenação pela cessação hipotética de lucros, quanto às possibilidades de ganhos que eventualmente poderiam surgir se locado o imóvel não entregue.

"Caberia às autoras demonstrar desde logo que as unidades residenciais foram adquiridas com a intenção de sua locação e comprovar os esforços neste sentido."

As autoras apelaram sustentando o cabimento da condenação da incorporadora aos lucros cessantes, uma vez que o prejuízo delas seria presumido no caso de descumprimento do prazo para entrega do imóvel, conforme súmula 162 do TJ/SP.

Interesses negativos

Conforme acórdão de relatoria do desembargador Alcides Leopoldo, as autoras não teriam direito aos lucros cessantes, pois só teriam direito a interesses negativos, como se o contrato não houvesse sido celebrado. 

"Ocorrendo a resolução do contrato, por inviabilidade de exigir seu cumprimento, sem adimplemento, em contrapartida do restante do preço, só se pode pleitear interesses negativos, como se o contrato não houvesse sido celebrado, não fazendo as autoras jus ao pagamento de aluguéis pela privação do bem, pois específica de quem pretende o adimplemento bilateral."  

O escritório Junqueira Gomide Advogados defendeu a incorporadora. 

Veja o acordão.

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